17 Mai 2025
"Antes mesmo do que propõe, a teologia é, portanto, uma contribuição construtiva para este tempo, na medida em que não se opõe a ele, mas se expõe como possibilidade de uma velocidade diferente, alheia à satisfação imediata e à resposta pronta, propondo-se de forma crítica como possibilidade de um ritmo alternativo".
O artigo é de Francesca Peruzzotti, publicado por Settimana News, 15-05-2025.
Francesca Peruzzotti obteve um doutorado em Ciências Culturais na Scuola di Alti Studi della Fondazione San Carlo em Modena e um doutorado canônico em filosofia no Institut Catholique em Paris com uma tese conjunta intitulada La prova del tempo. Hans Urs von Balthasar e Jean-Luc Marion (2019).
Sua formação inclui estudos em filosofia com mestrado obtido pela Universidade Estatal de Milão (2008) e em teologia com licença canônica obtida pela Faculdade de Teologia do Norte da Itália em Milão (2014). Desde o ano acadêmico de 2024, ele é professora de Filosofia Teórica no Instituto de Ciências Religiosas de Novara.
Por uma feliz coincidência, alguns dias depois que o Padre Antonio Spadaro sugeriu um rápido declínio da teologia, o Papa Francisco estendeu a mão com uma mensagem para a inauguração do Ano Acadêmico da Universidade de Palermo, que ocorreu no sábado, 8 de fevereiro de 2025.
A referência que se gera entre os dois discursos pode oferecer um critério para introduzir as muitas ressonâncias determinadas pela proposta de Spadaro. O discurso do Papa termina com estas palavras:
Confio a vocês uma palavra que é contra tendência hoje. É uma atitude que distingue as culturas mediterrânicas há séculos: a lentidão. O fascínio da técnica está imbuído de velocidade. As chamadas inteligências artificiais nos seduzem com sua performatividade. Ao contrário, a leitura exige uma lentidão que não é mais permitida a quem estuda e nem mesmo a quem ensina. A compreensão da questão é lenta e dificultada pela exasperação dos indicadores de desempenho. Crescer, por sua vez, é um processo lento e nunca uma jornada linear: os fracassos, assim como os erros, são fundamentais na busca pela verdade. Até mesmo a mudança exige lentidão, seja em nós mesmos, em uma cidade ou no mundo inteiro. Essas são metas das quais não podemos desistir. A inteligência humana, que não pode ser reduzida a algoritmos e processos lógicos, entra em jogo neles. A busca pelo bem é interna à inteligência humana, e ninguém tem o monopólio dela, nem sua medida. Caminhamos nessa direção passo a passo, somente juntos. Esta é a promessa inscrita em cada novo começo. [1]
Em primeiro lugar, é oportunamente destacado o risco inerente à velocidade, perigo do qual o próprio Spadaro, retomando a denúncia da "rapidização" definida por Francisco na Laudato si', § 18, está bem ciente.
A necessidade de uma atitude vigilante e circunspecta em relação à velocidade e à rapidez não é determinada por uma referência moralista genérica, mas implica uma posição política e social precisa.
Pode-se referir, por exemplo, às teses formuladas por Hartmut Rosa, que não se limita à neutralidade que reconhece a aceleração como marca distintiva da nossa era, mas lhe atribui uma consequência sistêmica, que decide a conformação tanto das culturas quanto das identidades pessoais: a aceleração é causada pela falta de perspectivas transcendentes das sociedades seculares e pela economia capitalista que se alimenta da superação contínua de seus resultados, de modo a provocar a alienação de toda a humanidade nela envolvida.
Todos vivenciam a estrutura da aceleração, cujos custos inaceitáveis para as classes marginais estão também associados, a nível individual e comunitário, ao cancelamento daquele horizonte de expectativa que dá sentido à existência.
Esta é uma pergunta que diz respeito diretamente a quem tem no coração o Evangelho, o anúncio da vida plena para todos; O próprio Rosa formula propostas construtivas de cunho antropológico, sugerindo valorizar aquelas dimensões em que mulheres e homens possam ter experiências de ressonância, onde seu valor não se mede pelo critério da produtividade, mas se dá no vínculo interpessoal, construído pelos afetos e emoções, portanto recebidos em virtude de uma contribuição mútua (como ocorre no caso das experiências estéticas, rituais, relacionais e – teremos que verificar – pela pesquisa intelectual, à qual também pertence a teologia).
Um caminho não alheio ao percorrido pelas comunidades dos discípulos do Senhor, que, por fidelidade à sua revelação na história, não conseguem escapar, opondo-se e alienando-se, ao tempo em que lhes é dado viver, mas são chamados a ser força crítica daquele tempo, imergindo-se nele até o transformar.
Este não é um equilíbrio barato, nem algo que possa ser alcançado de uma vez por todas; em vez disso, requer manutenção contínua e atenção estável às variações do tempo.
Talvez seja aqui que entra em jogo, especificamente, o papel da teologia, que não se limita a abordar conteúdos adequados ao anúncio do Evangelho e, portanto, à paixão pela humanidade, mas se insere na dinâmica da fé como sua inteligência crítica, a partir das formas e práticas que lhe são específicas.
Em sua mensagem, Francisco recorda a lentidão específica do ato de ler. O que é definido como aspecto indispensável da atividade de pesquisa em geral não pode ser relativizado no caso da teologia. De fato, a proposta de lentidão ali formulada nada tem da alternativa vaga e irênica à aceleração que hoje prevalece, mas reafirma a especificidade da relação inteligente – uma leitura íntima, precisamente – com a realidade, rejeitando a suspeita de uma operação residual e, em última análise, supérflua.
A leitura é, de fato, um momento insuperável para quem quer abordar a vida, honrando-a pela mediação do pensamento: sua estrutura já configura a relação com o mundo e as pessoas. O ato de ler reposiciona o sujeito, que só poderia ser compreendido como solitário à custa da mistificação: ao contrário, ele é guiado a compreender a polifonia de vozes que compõem o que aprende, chamado a responder a ela de modo pessoal e, por sua vez, acolhedor a outras palavras.
Francisco lembra ainda que a garantia de uma leitura autêntica são os percursos não lineares, compostos por variações de ritmo, reviravoltas bruscas e pausas igualmente imprevisíveis – o leitor é tanto mais capaz quanto mais se empenha em ouvir e se deixa surpreender pela novidade, em vez de tender o mais rapidamente possível para objetivos e resultados pré-determinados.
Afinal, isso não seria uma busca real, mas apenas uma tentativa despótica de afirmar o que já se possui, de se reafirmar junto com o pouco que se sabe.
Se entendida dessa forma, a leitura é entendida não tanto como uma ferramenta – a ser usada quando necessário e rapidamente descartada – mas como um estilo, o traço de um caminho perene através do qual habitamos o mundo e decidimos sobre nossa relação com ele.
Não é insignificante verificar a conexão entre a estrutura da leitura e o ato da lectio divina , entre a pesquisa contemplativa e a das ciências, assim como é significativo lembrar que a riqueza da cultura europeia, num momento decisivo de rápidas mudanças, também se construiu graças àqueles que souberam habitar o tempo enraizando-se num horizonte de longo prazo.
Os estudos de Jean Leclercq sobre a teologia monástica ainda são válidos hoje para recordar a capacidade inédita dessa abordagem de valorizar as letras pagãs, encontrando nelas raios de verdade que de outra forma estariam destinados a ser obscurecidos.
Contudo, essa referência não seria decisiva se fosse apenas um exemplo de eficácia, a ser replicado em virtude de seu sucesso operacional. Parece bastante apropriado verificar seu dispositivo, que se refere diretamente à especificidade da teologia como uma forma particular de resposta à revelação.
Da mesma forma, a possível declinação da teologia a partir da velocidade não deve corresponder a uma falsa caracterização dela, uma das muitas qualificações possíveis, rapidamente destinadas ao esquecimento porque podem ser superadas pela constituição, pois remetem à contingência. Seria assim se a teologia fosse desenraizada, esquecendo-se a sua natureza responsorial, que a torna uma das formas – necessárias, ao lado de outras – de envolvimento na revelação divina na história de Jesus.
Ao insistir na virtuosidade da velocidade, Spadaro se refere justamente ao arrebatamento impetuoso e radical, aspecto que evoca imediatamente a forma de revelação que pode ser apreendida através do paradigma estético. Ao introduzir essa abordagem, von Balthasar lembrou que ser apreendido pela manifestação divina não ocorre sem convocação humana, participação dramaticamente livre.
Nesse espaço de liberdade também se determina o atraso que constitui virtuosamente a resposta teológica. É bem diferente da lentidão culpável e da inércia desinteressada que caracterizam as instituições paquidérmicas, que visam apenas perpetuar-se, permitindo-se talvez algumas operações superficiais de modernização: o atraso é definido pela natureza da mediação própria da revelação, que não pode ser anulada pela mistificação do peso do tempo.
Ao exibir seu atraso, a teologia propõe, assim, sua própria medida, na medida em que não pretende sobrepor-se à revelação, pois somente diferenciando-se dela pode também referir-se a ela. O atraso da teologia é dado pela polifonia das vozes que a compõem e que tentam entrar em harmonia com o tempo a partir de seu próprio ritmo.
Antes mesmo do que propõe, a teologia é, portanto, uma contribuição construtiva para este tempo, na medida em que não se opõe a ele, mas se expõe como possibilidade de uma velocidade diferente, alheia à satisfação imediata e à resposta pronta, propondo-se de forma crítica como possibilidade de um ritmo alternativo.
Também esta é uma fidelidade ao tempo que coloca a teologia entre as atividades humanas definidas pela forma inédita de revelação dada em Jesus: é ainda von Balthasar, em Teologia da História, quem reconhece um valor incomparável aos ritmos do tempo, porque eles são a ocasião para o próprio Jesus viver a relação com o Pai como uma liberdade extrema doada na obediência, pois, ao renunciar a antecipar os tempos, deixa-se determinar por aquilo a que não deu origem, vivendo segundo o ritmo marcado cotidianamente pelas histórias humanas.
Da mesma forma, a teologia é escutar a Palavra e buscar suas ressonâncias nas fibras do tempo, visando uma transformação não momentânea, para evitar oferecer respostas que acumulem apenas manchetes passageiras; sofreria assim um enfraquecimento ao substituir a sua voz por outros ministérios eclesiais: é diferente tanto da pastoral como do magistério, caracterizados por outras cadências – coincidir com elas privá-la-ia do fecundo atraso da mediação, em prejuízo de todos.
O passo de Jesus é de caminhada; quando esse ritmo é assumido pela teologia é a origem do seu atraso – da sua marginalidade. Uma marginalidade (não indolência, nem providencialismo, mas uma voz que chama todos os outros ministérios à responsabilidade) que traz à luz a centralidade da caridade, que não pode ser adiada para outros tempos e é uma oportunidade para reconhecer o presente como o único verdadeiro kairós da urgência do Evangelho, gerador de um futuro possível.
[1] O texto está disponível no site da diocese de Palermo.