15 Mai 2025
"O caso se soma a outra três mortes ocorridas neste ano, segundo denúncia, por causas consideradas evitáveis", denúncia o Conselho indigenista Missionário - Cimi em nota publicada, 15-05-2025.
Na última segunda-feira (12), uma jovem Xavante de 13 anos morreu por problemas de saúde decorrentes de uma complicação na região do apêndice. Sua morte ocorreu na Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, do povo Xavante, localizada entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, no estado do Mato Grosso e poderia ter sido evitada caso houvesse tido a chance de ser atendida a tempo.
O caso se soma a morte de outras três crianças com menos de 4 anos também ocorridas neste ano, e a de jovens adultos, incluindo mulheres grávidas e mães de crianças pequenas que, no último ano, vieram à óbito. Todas também por causas consideradas evitáveis.
A equipe de saúde que atua nas aldeias trabalha incansavelmente para atender a população, mas o número de profissionais é insuficiente, assim como as condições de trabalho que lhes são dadas. Os veículos utilizados para o transporte da equipe e pacientes da comunidade estão sem condições de uso, por falta de manutenção.
A única caminhonete disponível para uso encontra-se em situação precária, com a caçamba e o para-choque dianteiro amarrados por cordas e sem condições para realizar percursos de longas distâncias. O veículo é o retrato do descaso à saúde do povo Xavante da TI Marãiwatsédé.
Para enorme tristeza do povo A’uwe, os casos de tuberculose, desnutrição infantil e pneumonia tem aumentado rapidamente e causado a morte de crianças e jovens que, se atendidos a tempo, poderiam ter sido evitadas.
O aumento da população do território Xavante, organizado em 21 aldeias, torna urgente a contratação de mais profissionais da saúde. A esse profissionais, também se faz necessário oferecer melhores condições de trabalho, além de equipamentos, remédios e transporte de qualidade. De igual modo, é urgente a aquisição de veículos em pleno funcionamento e que possibilite a locomoção da equipe de saúde e o deslocamento de pessoas enfermas com maior rapidez para as unidades de saúde.
Na última semana, o povo Xavante, junto a uma delegação com mais de 40 lideranças indígenas do estado de Mato Grosso, se reuniu com representantes da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília.
Na ocasião, a Secretaria afirmou que enviaria uma equipe para solucionar os problemas de gestão da saúde local. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante, no entanto, encontra-se há vários meses sem coordenação, cuja nomeação é de competência da Secretaria em Brasília.
Os problemas de saúde que acometem a população indígena dos povos de Mato Grosso são decorrentes de causas poderiam ser prevenidas com saneamento básico, abastecimento de água potável, coleta de lixo nas aldeias e investimentos na estrutura de saúde local. A saúde é direito de todos, e deve ser garantido pelas diversas instâncias do Estado brasileiro.
Nós, missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso, manifestamos nossa indignação quanto à atenção à saúde nos territórios indígenas do estado, principalmente nas aldeias Xavante da TI Marãiwatsédé, e cobramos providências dos órgãos competentes.
Marãiwatsédé, 14 de maio de 2025
Cimi Regional Mato Grosso