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O dom de escutar, segundo Byung-Chul Han

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15 Mai 2025

Em tempos em que o ruído se disfarça de diálogo e as palavras são usadas mais para se afirmar do que para o encontro, a escuta se tornou um ato de resistência. Escutar - escutar de verdade - é hoje um gesto radical, quase revolucionário.

A reportagem é de Carolina De La Torre, publicada por PijamaSurf, 13-05-2025. A tradução é do Cepat.

Existe um dom secreto, que não brilha na tela, que não busca aplausos, nem seguidores, que não viraliza. É um dom silencioso, quase místico. Não é ensinado nas escolas, nem é premiado nas redes. Contudo, quem o recebeu - quem o cultiva - sustenta a alma do outro com mãos invisíveis. Esse dom é a escuta.

Byung-Chul Han faz uma advertência perspicaz em A expulsão do outro (2022). Habitamos um cenário dominado pelo “eu”, um eu hipertrofiado, sobrecarregado, fatigado de si mesmo. Um eu que não se abre como liberdade, mas como peso. Nessa fadiga ontológica, em que o sujeito se torna sua própria prisão, o outro desaparece.

A escuta é, então, muito mais que uma função comunicativa: é um limiar. Um espaço de abertura em que o ego deixa de ocupar tudo. Escutar é permitir que o outro exista sem querer consumi-lo, sem reduzi-lo às nossas ideias, julgamentos e emoções. Escutar, de verdade, é admitir o mistério, a opacidade, o inapreensível do outro. E nesse gesto de humildade ontológica, algo transformador acontece: nós também nos descobrimos.

É somente na compreensão do outro que podemos nos encontrar a partir de abismos diferentes. Somente a partir da fratura do eu é que se abre o desejo por esse outro que não se submete, que não se absorve. Como destaca Lévinas, citado por Han, a relação com o outro não é uma capacidade, mas um “poder não poder”. Uma passividade radical. Uma rendição que rompe a casca narcisista do eu.

Contudo, hoje não se escuta. Responde-se. Interpela-se. Julga-se. Produz-se. Nesta era neoliberal do desempenho, as relações humanas não são mais tecidas na profundidade do vínculo, mas na superfície da troca. O outro se tornou utilitário, transparente, mercadoria emocional. Conforme escreve Han, é degradado a objeto econômico. Não é mais um enigma que nos mantém atentos, mas um espelho que queremos polir para nos refletir melhor.

Vivemos presos em uma cultura de espelhos, onde a nossa própria imagem é reproduzida ao extremo. Mas o espelho não escuta, não oferece hospitalidade. O espelho apenas repete. E a repetição - Han nos lembra - é a morte da linguagem viva. Narciso não soube escutar a Eco, por isso terminou sozinho, fechado em si.

Assim, escutar se torna um ato espiritual. Uma forma de expandir a alma. A verdadeira escuta não alimenta o ego, dissolve-o, pois não há escuta possível a partir da autossuficiência, nem do julgamento, nem da pressa. Só quem se permite ser afetado pode escutar. Só quem aceita não saber, não controlar, pode entrar no tempo do outro.

Imagine, diz Han, um futuro em que exista uma nova profissão: a de ouvinte. Alguém que seja pago para fazer o que quase ninguém mais faz sem impor condições: prestar atenção, acolher a voz alheia sem julgamento, nem pressa. Distopia? Profecia? Advertência?

A escuta é hospitalidade. E em um mundo no qual tudo convida ao fechamento no eu, escutar é abrir uma janela. Uma janela por onde entra o outro, com suas palavras, seus silêncios, suas fraturas. E nesse cruzamento, algo se redime. Talvez escutar seja o último lugar onde ainda pode brotar o amor, a alteridade, a redenção de uma subjetividade ferida pelo excesso de si mesma.

Han aponta que hoje ouvimos mais do que nunca - graças à saturação digital -, mas escutamos menos do que nunca. A diferença é crucial: ouvir é receber dados. Escutar é acolher feridas. E ninguém pode acolher, se antes não aprendeu a ficar à mercê do outro.

Porque escutar, como bem sabia Hermann Broch, é convidar sem possuir. É não interromper o milagre de uma voz que descobre a si mesma ao se pronunciar. É uma arte que se pratica com o corpo inteiro: com a pele, com a respiração, com esse pequeno suspiro que diz ao outro: “estou cuidando de você, continue, não há julgamento aqui”. Escutar é se tornar ninguém para que o outro possa ser.

Na verdadeira escuta, não há filtros do Instagram, nem likes, nem fogos de artifício. Apenas o tempo dado ao outro, escutar na condição de que a vida do outro nos importa tanto quanto a nossa.

Escutar, então, é um ato profundamente político. Um gesto de resistência em uma era que nos quer solitários, culpados e calados. Uma forma de devolver ao sofrimento sua dimensão compartilhada, seu poder de transformação. Porque quando eu te escuto, algo em mim se rompe e se torna ponte. Porque quando você me escuta, meus fragmentos ganham sentido.

A sociedade do like prefere o barulho do entusiasmo ao silêncio do cuidado. No entanto, esse entusiasmo que atropela o outro, que o dissolve na figura do emissor, é também uma forma de violência. Só ouvir é converter o outro em eco de si mesmo. Escutar, ao contrário, é sustentar sua figura sem tocá-la, é permiti-lo ser, sem querer salvá-lo, sem decorá-lo com palavras.

Por isso, mais do que um gesto amável, a escuta é um ato revolucionário. Um chamado a deter a velocidade, a desarmar os algoritmos, a devolver à voz o caráter sagrado. A verdadeira comunidade – nos diz Han - não é construída com dados, mas com ouvintes. É ficar em silêncio, não para impor, mas para acompanhar. É dizer ao outro: você pode me habitar um tempo.

Citamos, abaixo, um fragmento do ensaio Escutar in extenso, por considerá-lo de interessante e para contextualizar a reflexão anterior. Como dissemos antes, o texto encontra-se no livro A expulsão do outro.

“No futuro, possivelmente, haverá uma profissão chamada ouvinte. Em troca de pagamento, o ouvinte escutará o outro prestando atenção no que diz. Recorreremos ao ouvinte porque, fora ele, dificilmente restará alguém que nos escute. Hoje, perdemos cada vez mais a capacidade de escutar. O que torna difícil escutar é, sobretudo, o foco crescente no ego, o progressivo narcisismo da sociedade. Narciso não responde à voz amorosa da ninfa Eco, que na realidade seria a voz do outro. É assim que se degrada até se tornar repetição da própria voz”.

“Ouvir não é um ato passivo. Caracteriza-se por uma atividade peculiar. Primeiro tenho que acolher o outro, ou seja, tenho que afirmá-lo em sua alteridade. Então, presto atenção no que ele diz. Escutar é um emprestar, um dar, um dom. É a única coisa que ajuda o outro a falar. Não segue passivamente o discurso do outro. Em certo sentido, a escuta antecede a fala. Escuta é a única coisa que faz com que o outro fale. Eu já escuto antes que o outro fale, ou escuto para que o outro fale. A escuta convida o outro a falar, libertando-o para sua alteridade. O ouvinte é uma caixa de ressonância na qual o outro se liberta falando. Sendo assim, escutar pode ter efeitos benéficos para o outro”.

[...]

“A alvoroçada sociedade do cansaço é surda. Ao contrário dela, a sociedade vindoura poderia ser chamada de a sociedade dos ouvintes e dos que prestam atenção. Hoje, é necessária uma revolução temporal que inicie um tempo totalmente diferente. Trata-se de redescobrir o tempo do outro. A atual crise temporal não é a aceleração, mas a totalização do tempo do eu”.

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