14 Mai 2025
Discurso desenvolvimentista faz eco com o Brasil; território ultramarino francês se frustra por legislação distante de sua realidade.
A informação é publicada por ClimaInfo, 13-05-2025.
Na Guiana Francesa, território ultramarino francês na Amazônia, políticos locais pressionam pela retomada da exploração de petróleo em sua costa, suspensa desde 2019 após o fracasso de prospecções realizadas pela empresa Total.
Representantes locais defendem que o território, com sua vasta cobertura florestal, já contribui para o equilíbrio climático e não pode ser impedido de explorar seus recursos e reivindicam a promoção da melhoria de vida, utilizando a renda do petróleo como meio para essa transformação, noticiou a RFI.
Defensores do projeto argumentam que a região possui reservas comparáveis às de Suriname e Guiana e acusam o governo central de hipocrisia. Afirmam ainda que 60% da população do território vive na pobreza. Até agora, um único ministro, Manuel Valls da pasta dos Territórios Ultramarinos, se mostrou favorável a reabrir o debate sobre a retomada da exploração de petróleo na região.
No Brasil, a justificativa é semelhante, porém pesquisadores alertam que os impactos podem ser irreversíveis. Gustavo Moura, pesquisador da UFPA, aponta falhas graves nos estudos de impacto ambiental da Petrobras, como a exclusão de áreas de pesca tradicional e a subestimação de riscos para recifes amazônicos. Ele destaca a falta de consulta prévia às comunidades e teme que, mesmo com lacunas, a autorização seja concedida por pressão política. O governo brasileiro defende o projeto como necessário para financiar a transição energética, mas especialistas veem contradição nesse argumento, especialmente com a COP30 em Belém.
Moura critica a falta de transparência e acredita que, apesar do rigor técnico do Ibama, a pressão por resultados econômicos pode levar a uma aprovação sem garantias suficientes.
UOL e Terra, entre outros, repercutiram o movimento em prol da exploração de petróleo na costa da Guiana Francesa.