07 Mai 2025
O artigo é de Jesús Bastante, escritor e jornalista, publicado por Religión Digital, 07-05-2025.
A dança acabou, as piscinas acabaram e o jogo começou. As congregações gerais foram concluídas nesta terça-feira e, desde ontem à noite, todos os cardeais eleitores estão em Santa Marta, onde residirão durante o conclave, sem nenhuma comunicação externa e com uma única missão: eleger um novo Papa.
Durante horas, ou dias (esperemos não bater o recorde de um conclave, de vinte e sete meses, para a eleição, em 1294, de Celestino V, o último Papa a renunciar antes de Bento XVI), os cardeais votarão quatro vezes por dia (duas pela manhã, duas à tarde, além do voto de palha desta quarta-feira à tarde), e o mundo só saberá o resultado olhando, duas vezes por dia, para a chaminé instalada no teto da Capela Sistina: se a fumaça for preta, eles continuarão a votar; se for branca, 'Habemus Papam'. Eles não assistirão televisão, não terão acesso a celulares, jornais, nem saberão nada sobre o que está acontecendo lá fora, sob pena de excomunhão. Roma e o Vaticano criaram um sistema robusto de bloqueio de comunicações para evitar isso.
E quem pode ser Papa? Na votação mais aberta do século passado, persistem três blocos: um, claramente conservador, sem chances, mas com capacidade de bloqueio; outro, majoritário (também o mais dividido), é favorável à manutenção, com nuances, do legado de Bergoglio; e outra, a dos moderados, onde se encontram tanto os novos cardeais sem experiência romana quanto aqueles que priorizarão a segurança em cada passo em detrimento de uma reforma pura e dura.
Entre estes últimos está o candidato que todos estimam ser o mais votado na sondagem preliminar: o Secretário de Estado, Pietro Parolin, a quem várias fontes atribuem pelo menos trinta votos, que se poderiam juntar, em função dos resultados de outros 'papáveis', aos oito a dez votos que se calcula que tenha o setor mais ultra (com o húngaro Peter Ërdo, o holandês Eljk, o canadiano Leo ou o sueco Arborelius como principais expoentes).
E entre os bergoglianos? A facção majoritária, mas a que apresenta mais candidatos. E no primeiro escrutínio, pelo menos cinco candidatos papais poderiam atingir uma soma considerável: o americano Robert Prevost; o italiano Matteo Zuppi; a francesa Aveline; o Tagle filipino; ou o Steiner brasileiro.
Qual será a chave para determinar se este será um conclave curto ou, ao contrário, se haverá minorias de bloqueio que impedirão que os 89 votos necessários sejam alcançados? O primeiro tour de force acontecerá após a primeira votação, a chamada "votação de julgamento", após a qual os cardeais retornarão a Santa Marta, jantarão em mesas redondas e discutirão o que aconteceu. Dependendo dos votos de cada um, poderemos ver a aliança Parolin-Ërdo confirmada, ou ruir. Também seria necessário considerar se os reformistas são capazes de chegar a um acordo e concentrar seu apoio em um ou dois candidatos, algo que será crucial para alcançar uma maioria claramente bergogliana.
A terceira votação, no final da manhã de quinta-feira, parece decisiva para determinar se Prevost, Zuppi, Tagle ou Aveline são candidatos para o setor de renovação. Caso contrário, o risco de um bloqueio pode levar ao surgimento de candidatos outsiders, como Artime, o filipino David ou o brasileiro Steiner, que podem subir significativamente. Além disso, se Parolin vacilar e não houver um candidato bergogliano forte, pode ser a vez de outros azarões, como o italiano Filoni ou o mexicano Aguiar.
Se não houver Papa na tarde de sábado (por volta do décimo segundo turno de votação), os cardeais tirarão um dia de folga. Mas, a essa altura, os fantasmas da divisão já teriam se instalado na Capela Sistina, e o Papa cessante não teria a mesma legitimidade que teria se, como desejado, fosse realizado um conclave de curta a média duração (durante todo o dia de sexta-feira, no máximo na manhã de sábado).