07 Mai 2025
Zuppi se 'autodescartou' para o conclave: "Não há nenhum risco."
A informação é de Jesús Bastante, publicado por Religión Digital, 06-05-2025.
"Não há nenhum risco, estou muito tranquilo." O cardeal de Bolonha, Matteo Zuppi, parecia muito tranquilo ontem ao meio-dia pelas ruas de Roma. A caminho do cabeleireiro, pois o presidente da Conferência Episcopal italiana não teve tempo nem de arrumar o cabelo desde a morte de Francisco.
Zuppi, um dos papáveis mais mencionados, costuma chegar às reuniões das congregações gerais dirigindo um pequeno Fiat branco, no estilo puro de Bergoglio. E caminha sozinho pela rua, sem os adornos cardeais (como faz Cobo, por exemplo, na região de Montserrat e Campo di Fiore), tentando passar despercebido. Não consegue.
"Por precaução, caso o conclave dure alguns meses, pelo menos vou me arrumar um pouco", brincou Zuppi com o grupo de jornalistas que o abordou. O presidente dos bispos italianos minimizou a importância, embora o fato seja que seu nome ainda seja muito citado como possível candidato papal, especialmente se, como parece, o 'efeito Parolin' desaparecer após a primeira (e terceira) votação. Ali, ele poderia ter sua oportunidade, especialmente se houver a sempre difícil unidade entre os italianos. E é que Zuppi, junto a Prevost, Aveline, Artime e alguma outra surpresa, poderiam aparecer após uma primeira votação, na qual todos acreditam que Parolin e Tagle aglutinarão a maioria dos votos.
"Com certeza encontraremos o Papa que a Igreja e o mundo precisam neste momento", reflete, antes de entrar na última congregação, o cardeal Omella, um dos melhores kingmakers deste pré-conclave. "Esta tarde nos trancamos em Santa Marta, fora celulares, tablets, e a nossa missão, rezar e votar." "Não cederemos à tentação da polarização", acrescenta Zuppi antes de entrar no cabeleireiro. Um corte papal?
Seja quem for, o certo é que o legado de Francisco deve continuar. E, em grande parte, além do nome, será necessário consolidar esse estilo de governo sinodal, participativo e inclusivo. Durante seu pontificado, foi instituído o C9, foram nomeados leigos (Ruffini) e mulheres (Simona Brambilla) como prefeitos, um processo que precisa ser continuado, e do qual também se falou nas reuniões prévias ao conclave. De fato, já houve mulheres participando do C9 e, se Francisco não tivesse falecido, a 'prefeita' do Vaticano, Raffaella Petrini, teria feito parte do mesmo.
O consenso poderia estar na criação de uma espécie de 'conselho assessor' permanente, composto por cardeais de todos os continentes e especialistas em diversas áreas, desde Teologia até Comunicação, passando por Economia, Cultura, Meio Ambiente ou Relações Internacionais e Interconfessionais. Um 'Conselho de Ministros', presidido pelo Pontífice, que pudesse contar com a presença estável dos melhores especialistas. Muitos deles leigos, muitos deles também mulheres, para aprofundar a dinâmica participativa de uma instituição chamada a se reformar continuamente. E a ouvir o pulsar do mundo em que vive. Conseguirá isso? Em grande parte, dependerá do que acontecer a partir desta quarta-feira até a fumata branca.