06 Mai 2025
"Dos 266 sucessores legítimos de Pedro até hoje, não mais que 30 vieram de ordens religiosas", escreve Alexander Brüggemann, jornalista, em artigo publicado por Weltkirche, e reproduzido por Settimana News, 06-05-2025.
Nota do Editor Lorenzo Prezzi: Retomamos do site Weltkirche (25 de abril) o artigo de Alexander Brüggemann sobre a presença significativa e inusitada de cardeais convocados para o conclave que têm experiência de vida religiosa. É preciso lembrar que, com a ordenação episcopal, o religioso deixa a ordem e a congregação para “pertencer” à Igreja de referência.
Jorge Mario Bergoglio trouxe consigo de sua terra natal, a Argentina, muitas originalidades para a história papal: foi o primeiro latino-americano, o primeiro argentino, o primeiro papa com o nome de Francisco, o primeiro jesuíta e, depois de 167 anos, o primeiro papa a pertencer a uma ordem religiosa.
De uma perspectiva histórica, era novamente chegado o momento de um papa religioso. O anterior havia sido Gregório XVI. Este único sucessor camaldulense de São Pedro foi eleito em 1831 e morreu em 1846. Depois dele houve um período de ausência, provavelmente o mais longo desde o início do monaquismo ocidental.
Antes de Francisco, nenhum jesuíta havia sido papa, também devido à tradicional desconfiança de alguns governos em relação à “Companhia de Jesus”, que era “excessivamente” fiel a Roma e também era acusada de perseguir massivamente interesses políticos particulares. Até 1904, alguns governos até gozavam do direito de veto sobre candidatos papais.
As ordens religiosas católicas são geralmente “atores globais” e, portanto, se encaixam muito bem no conceito de “Igreja universal” estabelecido pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e que os papas têm consistentemente promovido desde então. A eleição do argentino Francisco em 2013 respondeu a essa direção.
É verdade, em geral, que a maioria das ordens religiosas em nossas latitudes está passando por uma crise de recrutamento quase ainda maior do que aquela pela qual passa o clero secular. Mas, para a América Latina, África ou Ásia, a situação é muitas vezes diferente, até melhor, graças sobretudo às comunidades missionárias.
E o Papa jesuíta, durante seus doze anos de mandato, aumentou significativamente o número de religiosos no Colégio Cardinalício, que, como sabemos, elegerá seu sucessor nos próximos dias. Dos 135 a 133 eleitores – dois estarão ausentes por motivo de doença – presentes no conclave, 34 são religiosos. Um em cada quatro.
Para efeito de comparação, quando Francisco foi eleito em março de 2013, 17 dos 115 participantes eram membros de ordens religiosas e famílias, ou seja, um em cada sete. E mesmo essa parcela de 14,8% de “cardeais de ordens religiosas” já era maior do que a proporção de “papas de ordens religiosas” na história da Igreja. Dos 266 sucessores legítimos de Pedro até hoje, não mais que 30 vieram de ordens religiosas.
A ordem mais antiga, os beneditinos, é a que produziu o maior número de papas. Ele teve um “monopólio” de fato até 1119 e foi governado por um total de 10 a 15 pontificados. As fontes históricas sobre este assunto, obviamente, não são muito precisas. Entre os papas beneditinos, no entanto, há figuras bem conhecidas como Gregório Magno (590-604; a filiação à ordem não é certa), Gregório VII (1073-1085) e Urbano II (1088-1099). Até um papa alemão seguiu em sua vida a indicação de São Bento Ora et labora: Estêvão IX (1057/58).
O apogeu das ordens religiosas mais antigas também foi o período de maior prosperidade para as próprias ordens: nos séculos XI e XII, até 13 papas vieram de suas fileiras. O que é impressionante, no entanto, é que quase nenhuma das ordens então dominantes está hoje representada de forma proeminente no Colégio Cardinalício: nenhum beneditino, nenhum cônego agostiniano (que produziu cinco papas), apenas um cisterciense, mas vários menos tradicionais, como os lazaristas, os escalabrinianos ou os Missionários do Sagrado Coração.
Os mais numerosos – antes e depois de Francisco – são os Salesianos de Dom Bosco, com cinco eleitores papais. Os Jesuítas seguem com atualmente quatro eleitores; assim como os franciscanos, que produziram três papas na história da Igreja. Se somarmos os Capuchinhos e os três Franciscanos Menores, a família religiosa franciscana estará representada no próximo conclave por um total de oito membros. Isso parece apropriado para um papa religioso e jesuíta como Francisco.