05 Mai 2025
Faltam dois dias para o Conclave: estes são os candidatos na linha de partida, mas nem todos se manifestaram. E não faltam venenos
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 05-05-2025.
As verdadeiras contas serão feitas somente na Capela Sistina, quando, separados do mundo exterior e sob o olhar do Deus de Michelangelo, os 133 cardeais eleitores colocarão na urna a cédula na qual terão escrito o nome "daquele que", segundo a fórmula, "na opinião de Deus, deve ser eleito". Só então entenderemos quais são os pesos reais no campo, como o consenso se coagulou, quão fortes são as candidaturas hipotetizadas nestes dias, de ábaco na mão.
O Conclave começa na quarta-feira. Se a fumaça branca chegar já na quinta-feira, as pessoas no Vaticano estão raciocinando que seria o Papa Parolin. No papel é o nome mais forte, alguns já lhe atribuem um pacote de cerca de quarenta votos. O Secretário de Estado de Francisco é um dos poucos cardeais conhecidos por todos os outros e seu calibre diplomático tem um forte apelo nesta conjuntura geopolítica turbulenta. O “partido dos núncios” apoia-o com convicção, assim como vários cardeais da Cúria, mas também do resto do mundo, do México aos Estados Unidos e à Ásia. Notícias falsas sobre saúde não o afetaram, mas são a prova da solidez de sua posição.
A condução do caso Becciu, o cardeal sardo que foi o número dois de Parolin por muito tempo e foi excluído do Conclave no último minuto, pode tê-lo enfraquecido, pelo menos aos olhos de alguns eleitores. O Secretário de Estado é odiado pelos cardeais americanos afinados com Donald Trump por causa do acordo com Pequim que, num salão de espelhos, até os mais intransigentes burocratas chineses estão boicotando. Outro cardeal forte, mas uma figura em muitos aspectos semelhante a Parolin, é o filipino Louis Antonio Tagle, prefeito da Propaganda Fide capaz de atrair muitos votos asiáticos. A associação americana BishopAccountability o acusou nos últimos dias de ter feito pouco contra padres pedófilos, os bispos filipinos o defenderam.
O punhado de cardeais fortemente conservadores, cerca de quinze, poderia se unir no primeiro turno sob a bandeira do Arcebispo de Budapeste, Peter Erdo, e depois mudar para um candidato mais forte. Sobre o próprio Parolin — o embaixador húngaro na Santa Sé, Eduard Habsburg, quis ontem desmentir "qualquer especulação sobre um acordo pré-Conclave" entre Erdo e Parolin — sobre o sueco Anders Arborelius ou sobre o Patriarca Latino de Jerusalém Pierbattista Pizzaballa, que — o menos italiano dos italianos — desperta a curiosidade entre os partidos apesar de ter apenas 60 anos: firme na doutrina, resoluto no caráter, fala de forma carismática e a sua exposição, já elevada, aumentou com a última guerra no Oriente Médio.
A verdadeira incógnita, nesta fase, é como os demais cardeais se orientarão, que, com cerca de oitenta votos, são a maioria do colégio. Entre eles, há uma grande área, até agora pouco organizada, que quer impedir que o legado de Francisco seja diluído ou mesmo desmentido. Se muitos 'parolinos' acreditam que o pontificado do argentino criou um pouco de "confusão" (assim diz Beniamino Stella nas congregações gerais), e agora é necessária uma figura mais calma, que aja de maneira mais ordeira, para os bergoglianos o doutor Parolin tem sido muito cauteloso e não apoiou suficientemente a iniciativa reformista de Francisco. Entre o arquipélago de 61 cardeais que participaram das assembleias sinodais, destacam-se o jesuíta luxemburguês Jean-Claude Hollerich e o jovial maltês Mario Grech. Eles são o secretário e relator do sínodo e serão os porta-estandartes no Conclave.
Depois do Pontífice argentino que veio "quase do fim do mundo", outro outsider não é provável, mas também não está excluído, e não faltam figuras importantes como o congolês Fridolin Ambongo e o indiano Neri Ferrao, arcebispo de Goa, estrela em ascensão entre os bispos asiáticos. Num colégio onde a grande maioria dos cardeais está ou esteve à frente de uma diocese, certamente se busca uma figura mais marcadamente pastoral, capaz de falar às cabeças, mas também aos corações dos fiéis. Como o salesiano espanhol Cristobal Lopez Romero, hoje arcebispo de Rabat, Marrocos, que passou muitos anos na América Latina, o arcebispo de Bolonha Matteo Zuppi, ou, sobretudo, o pacífico Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha e teólogo de grande importância: a suspeita era que seu ponto fraco fosse a língua, na missa que celebrou ontem na paróquia de Santa Maria ai Monti falou em italiano imperfeito, mas fluente.
Por fim, nas últimas horas, poderá haver um aumento de personalidades capazes de tranquilizar os mais hesitantes e encorajar os mais reformistas: há o português José Tolentino de Mendonça, de 59 anos, há o arcebispo de Argel, o dominicano Jean-Paul Vesco, de 63 anos (mas eles ainda são um pouco jovens). Muitos olham para o discreto agostiniano Francis Robert Prevost, 69 anos, o menos americano dos americanos, até agora prefeito do crucial dicastério dos bispos, com vinte anos de experiência no Peru, primeiro como missionário e depois como bispo: carismático e pragmático, ele é reconhecido por todos por sua capacidade de escuta e colaboração.