09 Abril 2025
A religiosidade na Áustria é "liquidada", ou seja, líquida, fluida, difusa, mas não desaparecida, diz a teóloga Regina Polak, professora em Viena. Em um artigo para o portal "communio.de" (terça-feira), ela compara os resultados do estudo "No que a Áustria acredita" (WGÖ) com o livro de Jan Loffeld "Quando nada falta onde Deus falta", que foi amplamente elogiado por teólogos.
A informação é publicada por Katholisch, 08-04-2025.
"Na Áustria, também, a autoimagem religiosa tradicional da Igreja e a crença em Deus ou em uma realidade divina atingiram um ponto baixo", resume Polak. Mas esta é "uma 'liquidação' em grande parte autoinfligida da fé cristã". Afinal, a confiança na Igreja está abaixo de 30% há algum tempo. "Uma igreja que neutraliza seu próprio testemunho com escândalos internos e conflitos de poder contribui significativamente para sua extinção", escreve Polak. Os crentes comprometidos pagaram o preço por isso.
Ritmo de reforma lento
Segundo Polak, o estudo do WGÖ mostra que a descoberta de Loffeld de que "nada falta onde Deus falta" é muito simples e geral para a Áustria. "O que falta é o acordo para uma compreensão pessoal e cristológica da transcendência", explica ela.
A teóloga expressou sua irritação com o choque que muitos líderes eclesiásticos sentiram ao perceber os resultados do estudo: "Os pastores, sem dúvida dedicados, acreditavam seriamente que a fé cristã na Áustria sobreviveria ilesa aos inúmeros escândalos e crises da Igreja Católica, ao seu ritmo lento de reformas — especialmente no que diz respeito às mulheres — ou aos conflitos sociais em torno da religião?"
Processos de aprendizagem somente com pessoal adequado
Na sua opinião, os "processos dialógicos de aprendizagem e encontro" propostos por Loffeld só podem funcionar se houver um pessoal disponível "que possa nomear de forma credível e intelectualmente honesta aquelas questões e experiências às quais a fé e a teologia fornecem respostas". Essa equipe deve ser capaz de traduzir a mensagem cristã para o mundo atual da experiência. Polak escreve que essas competências muitas vezes faltam em uma igreja preocupada consigo mesma. A fé é considerada autoevidente e autoexplicativa, de modo que as pessoas estão simplesmente procurando por embalagens mais modernas.
Polak pergunta: "As pessoas talvez respondam com indiferença ao discurso cristão sobre Deus e Cristo porque não conseguimos identificar as questões e experiências que fundamentam esse discurso, que ainda são relevantes hoje?" A mensagem cristã deve ser traduzida de uma forma emocionante e relevante para a vida real, para que "a indiferença desperte do seu sono".
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