08 Abril 2025
“Tomei a palavra para expressar minha leitura crítica do documento apresentado no debate, porque o considerei inadequado para as perspectivas de reformas cruciais para o futuro da Igreja italiana. Ao mesmo tempo, estou feliz porque durante a assembleia finalmente se discutiu sobre tudo de maneira aberta e sinodal”.
É o relato da teóloga Serena Noceti após a assembleia sinodal da Conferência Episcopal Italiana, que adiou a aprovação do texto final para outubro por causa das numerosas emendas propostas.
A entrevista com Serena Noceti, é de Domenico Agasso, publicada por “La Stampa”, 04-04-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Professora, como foi?
Foi uma verdadeira experiência de Igreja sinodal. O que aconteceu na assembleia foi um momento de grande crescimento eclesial. Não estávamos divididos entre 'base' e 'cúpula', mas caminhamos juntos, bispos e leigos, com franqueza e espírito de comunhão. O confronto de opiniões foi animado, um sinal de que a sinodalidade foi assumida como modalidade real de trabalho. Já no início se percebia que havia posições críticas, e foram manifestadas sempre com liberdade e clareza.
Quais eram as perplexidades?
Surgiu a questão do método.
Pode explicar?
Não é aceitável que um texto seja redigido simplificando a riqueza de demandas e das propostas vindas de dezenas de milhares de pessoas.
A senhora interveio.
Eu fui a quinta das 51 pessoas que falaram. Minha palavra-chave foi ‘inadequado’: o documento não era adequado ao caminho sinodal percorrido até agora nem à perspectiva da Igreja chamada a reformas decisivas.
O que falta no documento?
Coragem. O texto era demasiado brando. Em determinados pontos o documento era burocrático demais, pouco capaz de ler a complexidade da realidade. Faltavam a paixão e o sonho.
Falou-se também do papel das mulheres na Igreja.
O tema já havia sido objeto de uma das fichas de reflexão, mas agora, pela primeira vez, foi indicado como uma prioridade fundamental, posto com força transversal por muitos grupos de trabalho. Vários homens também insistiram na importância do tema e na urgência de abordar suas relativas deficiências, entre as quais o reconhecimento do papel das mulheres no próprio governo da Igreja.
Outro ponto discutido: a inclusão das pessoas homossexuais.
Foi solicitada maior clareza de intenções, começando com a linguagem usada no ponto 5 do documento, que parecia excessivamente vaga. A transparência comunicativa é essencial para uma Igreja que realmente quer ser aberta a todos, sem excluir ninguém.