12 Novembro 2022
Dom Helmut Dieser, bispo de Aachen, na Alemanha, quer que a Igreja Católica adote uma nova perspectiva sobre a sexualidade.
“Os sentimentos e o amor por alguém do mesmo sexo não são uma aberração, mas uma variante da sexualidade humana”, disse ele em entrevista à Deutsche Welle em 8 de novembro. Seus comentários foram divulgados pela agência de notícias católica alemã KNA.
A reportagem é publicada por Catholic News Service, 10-11-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os homossexuais têm direito ao apoio e bênção da Igreja, afirma o bispo, que também é o porta-voz sobre questões de abuso na conferência dos bispos alemães. Ele disse que o estado atual do ensino da Igreja não faz justiça a certas realidades quando se trata de sexualidade: “O pensamento é muito simples”.
A KNA informou que o bispo disse que a Igreja não pode mais sinalizar aos homossexuais que seus sentimentos não são naturais e que eles precisam ser celibatários.
“A homossexualidade, como mostra a ciência, não é uma falha, uma doença, ou uma expressão de qualquer tipo de deficiência e, a propósito, também não é uma consequência do pecado original”, disse o bispo, acrescentando que se duas lésbicas se aproximassem para que ele batizasse um filho, ele o faria: “Onde está o problema?”.
De 14 a 18 de novembro,Dieser e outros bispos alemães estarão no Vaticano para se encontrar com o Papa Francisco e outras autoridades vaticanas para suas visitas “ad limina”, visitas periódicas para informar sobre a situação de suas dioceses.
Dieser também defendeu o Caminho Sinodal da Igreja na Alemanha e suas exigências de reforma.
“O Caminho Sinodal é, afinal, uma consequência da descoberta de escândalos de abuso sexual. E estudos científicos confiáveis mostram que esses escândalos têm causas sistêmicas na igreja”, disse ele à Deutsche Welle.
Ele disse que os bispos também queriam apresentar ao Papa Francisco os documentos que receberam muito pouca aprovação dos bispos na última assembleia plenária do Caminho Sinodal. O objetivo, disse ele, é pedir ao papa um maior desenvolvimento dos ensinamentos da Igreja. Ele disse Roma precisa responder às propostas e sugestões da Igreja Católica na Alemanha, porque o Vaticano ignorou as propostas de reforma das dioceses católicas da Alemanha Ocidental na década de 1970.
Não responder “seria uma falha de autoridade na Igreja. Não devemos ignorar a voz do povo de Deus”, disse o bispo.
