19 Agosto 2022
Cartilha da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) traz uma reflexão pastoral a respeito da importância das eleições de 2022, “numa perspectiva democrática, ética, amorosa e de acordo com os valores evangélicos”, segundo o reverendo Bruno Almeida.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O texto enfatiza que IEAB não apoia nenhum partido político, “mas a vigilância quanto à coerência das pessoas que ocupam cargos eletivos em relação aos partidos que representam e aos programas que representam e aos programas que apresentam faz parte de nossa ética”.
Ela incentiva, no entanto, “como direito e dever de todas as pessoas cristãs participar, fortalecer e aprofundar a democracia para o bem comum e defesa dos valores evangélicos”. A cartilha frisa que a IEAB “não possui, nem deseja possuir, representantes em qualquer instância da política partidária ou governamental, pois entende que todas as pessoas que assumem este tipo de participação cidadã e os cargos dela decorrentes, o fazem para defender o bem comum de toda a sociedade brasileira, sem distinção alguma, dentro do princípio de um Estado Laico e Democrático”.
Pessoas envolvidas com a política partidária ou que exerçam cargos públicos o fazem a título pessoal “dentro do seu próprio entendimento do que seria melhor para a sociedade como um todo”. Mas nenhuma pessoa “poderá usar símbolos da IEAB, ou alegar qualquer forma que representam a Igreja, ao apresentarem candidaturas, suas propostas ou exercerem funções pública”.
O documento reporta-se ao Planejamento Estratégico da IEAB até 2023, no qual alerta que o país “pode estar diante do nascimento de um regime autoritário, protofascista, o qual ameaçaria as liberdades democráticas”, pondo em risco “o arcabouço de valores e princípios com os quais a Igreja se identifica e se alinha”. O mesmo documento denuncia as campanhas de notícias falsas “usadas por setores vinculados ao atual governo como instrumento de desinformação, violência, perseguição e ataques tanto contra pessoas quanto contra instituições democráticas do país”.
Embora a IEAB não tenha nenhum compromisso político-partidário, ela se manifesta contrária “à retirada de direitos, à precarização do trabalho, à misoginia, ao racismo, à discriminação e violência contra os povos originários, à LGBTfobia, à indiferença ou ataque contra a laicidade do Estado, à desregulamentação da proteção ambiental e da atividade agrícola, além da extinção de políticas públicas para a promoção da dignidade humana”.
A cartilha também apresenta um roteiro de oração para o período do processo eleitoral. A primeira dessas orações, “de entrega”, coloca nas mãos do “Pai Materno” o processo eleitoral, pedindo que o sopro divino nas eleições de 2022 “permita que prevaleça entre nós a honestidade, o compromisso com a justiça, a paz e a defesa da integridade da criação”.
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Episcopais incentivam cristãos à participação política - Instituto Humanitas Unisinos - IHU