17º domingo do tempo comum – Ano C – Aproximação e esperança em Deus, o Pai nosso

Foto: Cleusa Maria Andreatta

22 Julho 2022



"No Evangelho de Lucas (11, 1-13), uma linguagem telegráfica, a partir de um pedido, introduz o tema: como rezar? É interessante notar que essa pergunta não surgiu de uma desconhecida ou desconhecido, no meio de uma multidão. A pergunta é dirigida a Jesus pelos 'seus discípulos' (v.1): eles e elas O conheciam, confiavam nele. Ele imediatamente passa a responder: 'Quando orardes, dizei:..' (v.2). E compõe o Pai Nosso!"

 

A reflexão é de Marta Maria Godoy, osb, monja beneditina, eremita urbana. Ela possui formação inicial em Letras e Sociologia (graduada e pós-graduada), mestrado em Teologia pela EST (S. Leopoldo, RS). Atua na Pastoral Carcerária do RS.

 

 

Leituras do dia

 

1ª leitura: Gen 18,20-32
Salmo: Sl 137 (138)
2ª leitura: Cl 2,12-14
Evangelho: Lc 11, 1-11

 

É com alegria que me uno a todas e todos que celebram hoje o 17º domingo do tempo comum, em que a temática da aproximação/conversa com Deus (oração), do reconhecimento de um modo de estar no mundo (filhas e filhos de Deus) sobressaem, sublinhando a construção cristã de filiação entre Deus e nós, a partir de um ensinamento de Jesus. Gosto sempre de pensar nesta unidade que a nossa liturgia propõe: toda a Igreja, hoje, mundo afora, reflete sobre Oração e filiação! Que bom!

 

Me permito abordar as leituras a partir de três eixos que podem nos ajudar a compor o quadro magnífico do nosso tema: aproximação, Pai nosso e esperança.

 

Na primeira leitura (Gn 18, 20-32) encontramos um diálogo enfático entre Abraão e Deus, abordando uma questão importantíssima para ele e sua gente naquele momento: o que aconteceria com os ímpios, os que não queriam ouvir o que Deus tinha a dizer? Seria o mesmo que com os justos, os que ouviam a Deus? Os justos sofreriam as consequências dos atos pouco louváveis dos ímpios? O que Deus faria, olhando para os dois lados? Destruiria tudo, não importando o fato de ali haver justos? O texto nos dá uma sequência de atos, tanto de Deus (que ouve o clamor do povo) quanto de Abraão que se aproxima e, ficando a sós com Ele, O interroga. Esse diálogo, tão próximo, mostra Abraão como um homem que reza, um homem intercessor, alguém que age, um homem político, um líder, que leva a seu Deus a aflição do seu povo (e sua!), não como mero observador, mas como partícipe dos acontecimentos, um realizador! A Oração de Abraão é construtora, ele se aproxima de Deus, levanta hipóteses (vv 23-31: e se fossem apenas 50, os justos, no meio da cidade inteira?). Argumenta, com humildade, é verdade, mas com igual teor de insistência. No último versículo do trecho (v. 32), Deus responde a Abraão uma última questão: mesmo que fossem apenas 10, Ele pouparia a cidade! Esforço recompensado, esperança garantida!

 

A segunda leitura (Cl 2, 12-14), o Apóstolo Paulo nos aponta a plenitude da Graça, nos dada através do Batismo por Jesus Cristo (como uma circuncisão espiritual), Batismo no qual o perdão dos pecados nos é dado por Deus, que anulou esses pecados no evento da Cruz, inaugurando, inclusive, uma nova forma de aproximação com Ele: nos tornamos filhos.

 

No salmo 137 (138), o salmista constrói um poema que celebra, cantando, o Deus do perdão e do encontro, o Deus que ” Por mais alto que esteja, vê os humildes e conhece os soberbos de longe” (v. 6). Que confiança do salmista! Ele se entrega por completo em meio às piores angústias, dizendo mesmo que o amor de Deus “é para sempre” (v. 8), tratando-se de um caminho sem volta e, em sua oração, reconhece a própria fraqueza, pedindo para que Deus não o abandone, ele que é “obra das Suas Mãos”. Que bela construção de Esperança!

 

O Pai nosso

 

No Evangelho de Lucas (11, 1-13), uma linguagem telegráfica, a partir de um pedido, introduz o tema: como rezar? É interessante notar que essa pergunta não surgiu de uma desconhecida ou desconhecido, no meio de uma multidão. A pergunta é dirigida a Jesus pelos “seus discípulos” (v.1): eles e elas O conheciam, confiavam nele. Ele imediatamente passa a responder: “Quando orardes, dizei:...” (v.2); e compõe o Pai Nosso! Mais adiante, o texto refere duas parábolas, bem ao estilo de Jesus. Primeiro Ele se vale da figura do amigo. Se temos um amigo ou amiga que nos pede insistentemente algo, mesmo que não seja uma tarefa fácil, o atendemos! Afinal, é nosso amigo ou amiga! Depois Ele utiliza a figura do pai que, ao lhe ser pedido pelo filho ou filha um alimento, jamais lhes dará algo que os prejudique (vv. 9-12). E o último versículo condensa a atitude de Deus: se tal acontece com as pessoas, “quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem” (v.13). Trata-se do pronto atendimento de Deus. (esperança)

 

Gostaria de me ater ao Pai Nosso. O que pode ocorrer quando dizemos “Pai nosso”?

 

Ouso algumas respostas: 

 

 

 

 

 

 

Escutamos por aí e vemos escritas palavras como “Deus é pai”, mas eu nunca vi um cartaz em que estivesse escrito: “Sou filha/filho de Deus."

 

Que possamos, neste 17o domingo do tempo comum, intensificando nossa condição de filhas e filhos de Deus, sermos auxiliares d’Ele, construindo com Ele, a Esperança de um mundo melhor.

 

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