Igreja sueca pede desculpas por abusos cometidos contra o povo Sami

Família Sami na Noruega por volta do ano de 1900 (Foto: Domíio Público | Wikimedia Commons)

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

09 Dezembro 2021

 

Em culto realizado na Catedral de Uppsala, no dia 24 de novembro, a arcebispa da Igreja da Suécia, Antje Jackelén, pediu desculpas públicas em nome da denominação por séculos de “opressão e complacência” contra o povo Sami. Em junho passado, a Igreja sueca já sinalizara oito compromissos com o processo de reconciliação com os Sami.

 

 A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

 

“Nós não nos levantamos contra o racismo e abuso de poder. Nossas costas estão dobradas pela culpa que carregamos. Colocamos cargas injustas sobre vocês. Carregamos seus ancestrais com vergonha e dor, e as nossas gerações os herdaram”, disse a arcebispa aos líderes Sami. “Não podemos desfazer o que foi feito. Mas podemos sentir remorso por nosso papel na história colonial da Suécia”, agregou a líder luterana.

 

Os Sami sofreram grande opressão de colonizadores suecos a partir de 1670, quando tiveram sua estrutura cultural e econômica alterada. O povo vivia e vive da pesca, da caça e da criação de renas, e viram a extinção de determinadas espécies, o que trouxe fome e doenças às suas comunidades. Em 1751, o reino da Suécia criou a Lapônia e conferiu aos Sami, também conhecidos como lapões, o direito de caça.

 

Esse povo sofreu perseguição religiosa e somente em 1992 os Sami conquistaram o reconhecimento do seu idioma, que passou a ser usado também na escola. Eles vivem em comunidades, em regiões que integram não só a Suécia, mas também a Noruega, a Finlândia e a Rússia. É a maior população indígena da Europa e tem reconhecida a sua autodeterminação. Em 2016, somavam 90 mil pessoas. Antes animistas, hoje a maioria dos lapões segue o luteranismo.

 

“Quando abandonamos o povo Sami, também abandonamos nosso Criador. Não fomos fiéis aos nossos discípulos. Não respondemos à presença do Espírito Santo na criação”, penitenciou-se Jackelén. Ela advertiu que a Igreja não deve repetir os erros do passado. Membros da comunidade Sami presentes ao culto na catedral de Uppsala entenderam o pedido de desculpas como o evento de uma longa jornada, e que ele levará a mudanças.

 

O mea-culpa inicia um compromisso de dez anos para implementar os oito pontos do processo de reconciliação com os Sami. A Igreja da Suécia destinará 3,9 milhões de euros (cerca de 25 milhões de reais) para fortalecer e revitalizar a língua Sami, aumentar a participação do povo na igreja e promover a conscientização sobre as relações históricas e os abusos cometidos no passado contra os lapões.

 

Leia mais