06 Julho 2021
O jesuíta de 84 anos detido sob a acusação de "terrorismo" por defender os direitos dos tribais no estado de Jharkhand faleceu hoje no hospital de Mumbai. Ele foi hospitalizado por ter contraído o vírus Covid-19 na detenção. Jesuítas indianos: “Entristecidos e angustiados, continuaremos o seu legado”.
A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por AsiaNews, 05-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O padre Stan Swamy não conseguiu: o jesuíta de 84 anos morreu hoje após nove meses de detenção sob acusações de terrorismo por seu empenho na defesa das populações tribais. Desde o final de maio, ele estava no hospital da Sagrada Família em Mumbai, onde - quando sua saúde já estava profundamente prejudicada - os juízes permitiram que ele fosse transferido da prisão de Taloja. Com o agravamento do seu estado, ontem o idoso jesuíta foi transferido para a unidade de cuidados intensivos, enquanto um recurso para obter a sua libertação ainda tramitava no tribunal. No fim, a morte chegou primeiro.

Foto: Reprodução Jesuítas
O anúncio foi feito em um comunicado do provincial dos jesuítas da Índia, pe. Stanislaus D'Souza. “Com um sentimento de profunda dor, angústia e esperança - escreve ele - abandonamos pe. Stan Swamy ao eterno descanso com o autor da vida que lhe confiou a missão de trabalhar entre os tribais, os dalits (os fora de casta) e outras comunidades marginalizadas para que os pobres tivessem vida e a tivessem em abundância. A Companhia de Jesus - continua Pe. D'Souza - está empenhada neste momento em continuar o legado de pe. Stan, em sua missão de justiça e reconciliação. Os detalhes sobre o funeral serão informados em breve”.
Apesar da idade avançada e da doença de Parkinson em fase avançada, o pe. Swamy havia sido preso em 8 de outubro pela Agência Nacional de Investigação em Jarkhand, onde ao longo de toda a sua vida esteve envolvido na defesa dos direitos das populações tribais locais, ameaçadas por interesses econômicos. Junto com 15 outros ativistas, o jesuíta foi acusado de contatos com a guerrilha maoísta como parte da investigação sobre os confrontos ocorridos em 2018 na comemoração da batalha de Bhima Koregaon. O pe. Swamy sempre negou essas acusações, alegando que alguns documentos foram inseridos como falsas acusações contra ele nos computadores que foram apreendidos. Diversas vezes os juízes de Mumbai recusaram seu pedido de liberdade sob fiança.
Somente depois de contrair Covid-19 na prisão, os juízes finalmente consentiram sua transferência para o hospital da Sagrada Família. Em uma audiência dramática em 22 de maio, recusando uma primeira internação em um hospital público, ele disse que estava pedindo liberdade para poder morrer entre a sua gente. “Durante esses oito meses - afirmou ele - houve uma regressão lenta, mas constante, de todas as funções do meu corpo. A prisão de Taloja me levou a uma condição em que não tenha mais condições de escrever ou caminhar sozinho. Estou pedindo que considerem o porquê e as modalidades pelas quais ocorreu essa deterioração da minha saúde. Eu poderia sofrer, talvez até morrer muito em breve, se minha condição continuar a piorar. Mas aconteça o que acontecer, quero poder estar entre o meu povo”.
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Índia. O padre jesuíta Stan Swamy foi morto por 9 meses de prisão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU