Guedes, o canto de cisne do ultraliberalismo tupiniquim

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29 Abril 2021

 

"Guedes significou a radicalização do ultraliberalismo que, no fundo, ocultou sua enorme incompetência para tratar de temas de responsabilidade de um Ministro da Economia", escreve Luis Nassif, jornalista, em artigo publicado por Jornal GGN, 28-04-2021.

 

Eis o artigo. 

 

Caiu mais um assessor do Ministro da Economia Paulo Guedes, Walderi Rodrigues Júnior, Secretário Especial da Fazenda. Waldery é funcionário do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e se notabilizou por ter invadido o Congresso em manifestação agressiva, sendo detido pela polícia da casa.

No cargo, cometeu algumas das maiores heresias já desenvolvidas por qualquer economista brasileiro. Com o PIB andando de lado, separou a produção entre pública e privada e tentou demonstrar que enquanto a pública caía, a privada subia. Em nenhuma parte do mundo há essa divisão pela relevante razão de que gastos do Estado significam receita do setor público.

Mesmo assim, Guedes pegou o tema e tentou demonstrar que os dados comprovaram que o país caminhava para a redenção, com o setor privado substituindo o público.

A crise explodiu depois que Guedes cometeu o maior desastre de um Ministro da Economia, fora dos grandes cataclismas cambiais: entregar um orçamento inviável com notável atraso.

Mas no Brasil – já dizia Noel Rosa – tudo se compra, tudo se vende. Bastou Bolsonaro acenar com medidas de estímulo aos negócios da privatização para pipocarem manchetes afirmando que a demissão do principal assessor de Guedes significava o seu fortalecimento. Ainda no domingo, a revista Veja – controlada pelo grupo BTG Pactual – tentou levantar a imagem de Guedes, apresentando um conjunto de leis votadas recentemente.

Será inútil. Guedes significou a radicalização do ultraliberalismo que, no fundo, ocultou sua enorme incompetência para tratar de temas de responsabilidade de um Ministro da Economia – ainda mais controlando um superministério, que juntou à Fazenda os Ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento.

É incapaz de enfrentar os problemas de quebras de diversas cadeias de suprimento; ou de impedir os efeitos da desvalorização cambial e do boom das commodities sobre a inflação interna; demorou para tomar medidas anticíclicas – no ano passado foi salvo pelo Congresso, ao impor um auxílio de 600 reais. Perdeu totalmente a interlocução com o Congresso aplicando na política seu estilo de mercado – o do esperto que não perde uma oportunidade para tirar vantagens.

Ontem coroou o desastre ao criticar a China, com o óbvio propósito de agradar seu chefe maior.

Sua passagem desastrosa pelo Ministério terá o único mérito de acelerar a perda de hegemonia do mercado sobre a política econômica. Guedes conseguiu a unanimidade, de ser condenado pela esquerda, pela direita mercadista racional, por desenvolvimentistas e pelo próprio mercado. Os elogios que eventualmente recebem significam apenas a esperança de que consiga dar uma última tacada nas privatizações, antes de soçobrar.

 

O IPCA

O Índice de Preços ao Consumidor Ampliado 15 (IPCA-15), que antecipa o IPCA, registrou alta de 0,60%. A Tabela 1 mostra as variações dos diversos grupos de preços. A maior alta foi de Transportes (1,76%).

 

 


A Tabela 2 revela o peso de cada variação no resultado final do IPCA-15. Ali se constata que dos 0,60% de alta, 0,36% foi reflexo direto da alta de combustíveis. Os demais grupos aumentaram em menos de 0,10%.

 

 

A Tabela 3 mostra o acumulado de 12 meses. O IPCA-15 ficou em 6,17%. As maiores altas foram Alimentação e Bebidas (+12,18%), Artigos de Residência (+11,83%) e Transportes (+9,66%).

 

 


Já a Tabela 4 mostra o impacto dessas altas no índice final.

 

Dos 6,17% de alta, 2,56% foram efeito direto do grupo de Alimentação e Bebidas. Outros 1,98% vieram de Transportes.

 

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