“Deus está do lado de vocês”, afirmam bispos dos EUA a jovens LGBTQ

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27 Janeiro 2021

Vários bispos dos Estados Unidos divulgaram uma declaração em defesa dos jovens LGBTQ, dizendo-lhes que “Deus os ama” e que “Deus está do lado de vocês”.

O comentário é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 26-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A declaração, intitulada "God Is On Your Side: A Statement from Catholic Bishops on Protecting LGBT Youth"
[“Deus está do lado de vocês: uma declaração de bispos católicos sobre a proteção dos jovens LGBT”, disponível em inglês aqui], começa com uma referência ao amor de Jesus pelos marginalizados e às exigências do Catecismo de um tratamento justo para as pessoas LGBT. Os bispos continuam:

“Todas as pessoas de boa vontade devem ajudar, apoiar e defender os jovens LGBT; que tentam o suicídio em taxas muito mais altas do que seus coetâneos heterossexuais; que muitas vezes ficam sem teto por causa de famílias que os rejeitam; que são rejeitados, sofrem bullying e são assediados; e que são alvo de atos violentos em taxas alarmantes.

“A Igreja Católica valoriza a dignidade dada por Deus a toda a vida humana, e aproveitamos esta oportunidade para dizer aos nossos amigos LGBT, especialmente aos jovens, que estamos do lado de vocês e nos opomos a qualquer forma de violência, intimidação ou assédio dirigido a vocês.

“Acima de tudo, saibam que Deus os criou, Deus os ama e Deus está do lado de vocês.”

Bispos signatários da declaração de apoio a jovens LGBTQ (Foto: Tyler Foundation)

Os bispos signatários – oito até agora – são: o cardeal Joseph Tobin, de Newark, o arcebispo John Wester, de Santa Fe, o bispo John Stowe, de Lexington, o bispo Robert McElroy, de San Diego, o bispo Edward Weisenberger, de Tucson, e o bispo Steven Biegler, de Cheyenne. Dois bispos auxiliares eméritos, Thomas Gumbleton, de Detroit, e Denis Madden, de Baltimore, também assinaram. Outros bispos são convidados a acrescentar seus nomes.

O bispo Stowe disse à revista America as razões pelas quais ele assinou para se opor ao bullying anti-LGBTQ que ocorre nas escolas católicas, incluindo dentro da sua diocese:

“Às vezes, comentários ofensivos são feitos sem contestação ou até mesmo são motivo de risadas por parte do corpo docente (...) Eu ouvi de outros católicos LGBT que aquilo que outros estudantes vivenciam como os melhores anos de suas vidas foram muitas vezes experiências traumatizantes para eles quando experimentaram a rejeição social e as dúvidas sobre o amor de Deus por eles e se eles tinham alguma esperança de salvação. Muitas vezes, esses estudantes se sentiram isolados, às vezes até com medo de receber o apoio de seus pais e da família.”

A revista America relatou ainda:

“Ex-professor do Ensino Médio, o arcebispo Wester disse que o bullying pode ser especialmente tóxico para os jovens que estão tentando aceitar a sua orientação sexual, especialmente quando eles ou outras pessoas interpretam erroneamente o ensino da Igreja sobre a homossexualidade para transmitir a noção de que ser gay é pecaminoso (...)

“‘Temos os nossos ensinamentos, que valorizamos e estimamos, mas esses ensinamentos precisam ser entendidos no contexto apropriado do amor e da misericórdia’, disse ele. ‘Às vezes, as pessoas podem se equivocar: ‘Bem, se é pecado se envolver em um ato homossexual, então eu devo ser uma pessoa terrível’. A Igreja não ensina isso, e é importante que os jovens não tenham essa impressão errada.’”

A declaração foi divulgada pela Fundação Tyler Clementi, que trabalha contra o bullying anti-LGBTQ. Tyler Clementi, em cuja homenagem a fundação foi iniciada, morreu por suicídio em 2010 após um severo assédio homofóbico. Jane Clementi, mãe de Tyler e ex-católica, explicou por que a fundação escolheu realizar um trabalho baseado na fé:

“‘Eu espero que qualquer pessoa LGBT leia esta declaração e se sinta apoiada, saiba que não estão sozinhas e que existem membros da sua comunidade de fé que as apoiam’, disse a Sra. [Jane] Clementi, acrescentando que ela espera que os pais de filhos LGBT não se sintam isolados se pertencerem a tradições religiosas que, historicamente, não apoiam as pessoas LGBT (...)

“‘Estamos tentando iniciar um debate’, disse ela, observando que a declaração ‘não vai contra nenhum ensinamento católico, que eu passei a conhecer como uma mensagem de amor, misericórdia e inclusão.’”

Essa declaração não é a primeira em que um grupo de bispos dos Estados Unidos usou uma voz coletiva contra o bullying e a violência LGBTQ. Após o brutal assassinato de Matthew Shepard em 1998, nove bispos se uniram a quase 2.000 católicos em uma declaração promovida pelo New Ways Ministry e por Pax Christi USA contra tal violência. O bispo Gumbleton também assinou aquela declaração.

Além disso, em 2017, os bispos da Inglaterra e do País de Gales publicaram o documento “Made in God’s Image: Challenging homophobic and biphobic bullying in Catholic schools” [Feitos à imagem de Deus: desafiando o bullying homofóbico e bifóbico em escolas católicas” [disponível em inglês aqui].

A recente declaração dos bispos dos Estados Unidos é muito necessária, porque o bullying e o assédio contra jovens LGBTQ continuam, inclusive, como observou o bispo Stowe, em ambientes católicos. Os defensores da causa podem discutir sobre o papel que os ensinamentos da Igreja negativos desempenham no sofrimento dos jovens LGBTQ, e esse é um debate necessário.

Porém, muito mais essencial é que os jovens e adultos jovens possam conhecer o amor de Deus. Esperamos que o exemplo desses oito bispos encoraje mais bispos a assinarem a mensagem da declaração, que é um eco das Escrituras, mas ainda precisa ser repetida a cada época pelos líderes religiosos: “Deus está do seu lado”.

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