Trump e Hillary entre o ruim e o pior

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12 Novembro 2016

"Se Trump representa o pior, o ruim é revelado por Hillary. Não são poucos os analistas dentro dos EUA que chamavam a atenção para 0 risco da eleição de Hillary Clinton para a Presidência. Cito um entre outros, Jeffrey Sachs, considerado um dos maiores especialistas mundiais sobre a relação entre economia, pobreza e desigualdade social. É professor da Universidade da Columbia e publicou um artigo que reproduzi no meu blog de 8/02/2016. Aí elencou os muitos desastres da política de Hillary quando era Secretária de Estado", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.

Eis o artigo.

Em todo o mundo estão se fazendo as mais desencontradas análises sobre o significado da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA com os mais diferentes titulares.

O mais significativo para mim foi o do senador chileno Alejandro Navarro: “Triunfo de Donald Trump es un castigo a los gobiernos del establishment”.

O senador faz uma crítica mais geral, válida também para nós, que governos progressista que chegam ao poder, acabam, sob pressão da macroeconomia globalizada, fazendo políticas claramente neoliberais com prejuízo para as classes mais vulneráveis.

Parece-me justa a interpretação de Navarro: “o castigo aos governos do establishment, reside no fato de que a população se cansou de entregar-lhe o poder a quem somente oferece mais do mesmo. O eleitores optaram por Donald Trump, que embora represente o pior da cultura yankee, também soube representar o fastio dos setores precarizados com o neoliberalismo, a globalização e os empregos precarizados”. Ora, foram estes que maiormente votaram nele e o ajudaram na vitória.

Afirma mais o senador, coisa que poucos acreditam: "não devemos esquecer que nos Estados Unidos, supostamente o país mais rico, poderoso e influente do planeta, vivem 45 milhões de pessoas em situação de pobreza ou próximo a ela, que diariamente comem graças ao ticket de alimentação que o governo entrega aos operários brancos e aos filhos de imigrantes que tendem a rejeitar a chegada de novos imigrantes por temer que sua posição privilegiada corra risco”.

Se Trump representa o pior, o ruim é revelado por Hillary. Não são poucos os analistas dentro dos EUA que chamavam a atenção para 0 risco da eleição de Hillary Clinton para a Presidência. Cito um entre outros, Jeffrey Sachs, considerado um dos maiores especialistas mundiais sobre a relação entre economia, pobreza e desigualdade social. É professor da Universidade da Columbia e publicou um artigo que reproduzi no meu blog de 8/02/2016. Aí elencou os muitos desastres da política de Hillary quando era Secretária de Estado.

Leva como título: "Hillary is the Candidate of the War Machine”: Traduzindo: “Hillary é a candidata da máquina de guerra”. A primeira frase resume um longo arrazoado: "Não há dúvida de que Hillary é a candidata de Wall Street; mais perigoso ainda é que ela é a candidata do complexo militar-industrial; ela apoiou cada guerra solicitada pelo estado de segurança americano, comandado pelos militares e pela CIA”.

Embora democrata ela é, segundo Sachs, uma fervorosa neocon. Incentivou as guerras contra o Iraque, todas as do norte da África e contra a Síria. Achou hilariante declarar sobre Kadafi: "We came, we saw, he died”(viemos, vimos e ele morreu”). Ainda como Secretária de Estado tentou reiniciar a Guera Fria com a Rússia, a propósito da conquista da Criméia e da guerra na Ucrânia. O balanço final que Sachs faz das ações desastradas de Hillary como Secretária de Estado é devastador: "por qualquer razão que tomarmos, ela bateu o recorde dos desastres”.

Tudo isso não nos admira, como o demonstrou com análises minuciosas Moniz Bandeira em seu recente livro, denunciatório: "A desordem mundial: o espectro da total dominação”(Leya 2016) onde estuda a violência do império norte-americano. Obama, à exceção da relações com Cuba, continuou com a mesma lógica belicosa de Busch. Até foi pior, diria, um verdadeiro criminoso de guerra, pois por sua estrita ordem pessoal mandou atacar com drones e aviões não pilotados as lideranças árabes, exterminando grande parte delas (p.476-477).

Com a vitória de Trump, cujo enigma cabe ainda decifrar, nos libertamos de uma liderança belicosa, a de Hillary, que como política de Estado havia escolhido a violência militar como forma resolver os problemas sociais mundiais.

Não sabemos que mundo teremos daqui por diante sob a presidência de Trump. Oxalá seja menos belicoso e desdiga na prática as medidas duras prometidas contra imigrantes, mexicanos e muçulmanos.

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