Bispo de Xangai move a água entre a China e a Santa Sé

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20 Junho 2016

A questão do bispo de Shangai Ma Daqin é certamente um dos grandes problemas das relações bilaterais entre a Santa Sé e a China, e, misteriosamente como nasceu nestes dias, de modo igualmente misterioso poderia ser resolvida. Isto daria um impulso positivo a tais relações, além de todo mistério que nesta altura poderia ser tranquilamente deixado como tal. 

O comentário é de Francesco Sisci, sinólogo, que vive em Pequim, publicado por Settimana News, 18-06-2016. A tradução é de Benno Dischinger.

Nestes dias Ma escreveu que cometeu um erro há quatro anos, quando declarou publicamente que deixava a Associação Patriótica Católica, a organização semigovernamental que se ocupa das atividades da Igreja na China. Ma tinha sido escolhido como bispo com um acordo bilateral e aquela declaração unilateral de abandono da organização pareceu a Pequim como uma espécie de conjuração do Vaticano contra a China. Pequim não solicitava de Ma, à sua ordem, juramentos de lealdade ou proclamações de obediência. 

No entanto, precisamente por isto o fato de que Ma deixava a organização da qual já fazia parte parecia ser uma declaração de guerra. O bispo Ma diz hoje que então sofreu pressões para fazer aquelas declarações. Não sabemos de quem e com que fim, e de certo a seu tempo tais declarações correram o risco de fazer novamente descarrilar as delicadíssimas relações bilaterais. De fato, houve um complexo trabalho de explicações para provar que quem quer que tivesse dito algo ao novo bispo de Shangai, os mesmos não representavam a vontade do Papa, então Bento XVI

Permanece o enigma sobre quem foi, senão foi o Papa, que disse a Ma Daqin que deixasse a Associação Patriótica. Enigmático por certo é também hoje entender por que o bispo de Shanghai, após quatro anos em que permaneceu de fato quase em prisão domiciliar, diga que deixar a Associação Patriótica foi um erro. Em teoria, Ma deveria ter readquirido a completa liberdade em julho de 2014, mas isto não aconteceu.

Na realidade, as tramas de mistérios e enigmas são sempre imaginárias quando se fala da China ou da Santa Sé, imaginemos então se depois são colocados juntos. O que acontece em torno das declarações de Ma Daqin há quatro anos faz talvez que seja enquadrado em torno da confusão dos últimos momentos do pontificado de Bento XVI, com as túrbidas revelações de Vatileaks ou certas injuriosas acusações contra o ótimo cardeal Paolo Romeo por uma sua prudentíssima viagem à China. Hoje parece claro que o Vatileaks pretendesse minar o pontificado e a Santa Sé, bem como as acusações contra Romeo procuravam queimar uma ponte importante e significativa que então se estabelecera. 

Da mesma forma, o que agora conta é que as declarações de Ma removem de fato um obstáculo às relações bilaterais e procuram um passo em frente das relações. Ma havia declarado no ano passado que augurava um encontro entre o presidente Xi Jinping e o Papa Francisco, nos EUA, pois ambos estavam lá nos mesmos dias. Desse modo o bispo revelava um trabalho subterrâneo então em andamento para se chegar a um encontro que, em todo caso, não existiu.

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