O cardeal Sarah é o novo prefeito para a Liturgia

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Por: André | 25 Novembro 2014

Havia muita expectativa com respeito a essa nomeação: quem seria o novo prefeito da Congregação para o Culto Divino após o retorno do cardeal Antonio Cañizares à Espanha? A resposta veio ao meio-dia. Francisco decidiu encomendar a direção do dicastério que se ocupa da liturgia ao cardeal Robert Sarah (foto), atual presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, um dos organismos curiais que passará por mudanças na futura reforma da cúria.

 
Fonte: http://bit.ly/11qfcv2  

A reportagem é de Andrea Torneilli e publicada no sítio Vatican Insider, 24-11-2014. A tradução é de André Langer.

Robert Sarah nasceu em 15 de junho de 1945 em Ourous, Guiné Bissau, no seio de uma família católica; foi ordenado sacerdote em julho de 1969 na diocese de Conakry. Estudou teologia na Gregoriana e Sagradas Escrituras no Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém. Em 1979, João Paulo II o nomeou, com apenas 34 anos, arcebispo de Conakry: Sarah foi consagrado pelo cardeal Giovanni Benelli, arcebispo de Florença, que foi núncio no Senegal. Em 1985, foi eleito presidente da Conferência Episcopal de seu país.

Em outubro de 2001 chegou a Roma, pois o Papa Wojtyla o nomeou secretário da Propaganda Fide. Nove anos mais tarde, no dia 07 de outubro de 2010, Bento XVI o nomeou presidente do Pontifício Conselho Cor Unum e, no Consistório de novembro do mesmo ano, o criou cardeal, com o título da diaconia de São João Bosco em Via Tuscolana. Sarah é o primeiro cardeal de Guiné Bissau.

Com a nova nomeação, um cardeal africano volta a dirigir uma congregação vaticana. O cardeal nigeriano Francis Arinze foi prefeito da Congregação para o Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos (de 2002 a 2008) e antes o cardeal Bernardin Gantin, originário de Benin, havia sido o encarregado da Congregação para os Bispos (de 1984 a 1998).

“Para mim, é uma bondade do Senhor que não mereço – disse Sarah à Rádio Vaticano por ocasião do Consistório –, e é também um chamado para amar mais o Senhor e a morrer por Ele, pelo Evangelho, pela salvação do mundo... Gostaria de dizer ‘obrigado’ ao Santo Padre, que decidiu conferir-me esta honra, mas compreendo também que este chamado é algo que vem de Deus, para uma vida mais sacerdotal, mais cristã. Creio que atualmente o mundo necessita de homens de Deus, homens que vivam suas vidas como uma presença física de Deus no mundo”.

Sarah é famoso porque tem um perfil muito espiritual: ao nomeá-lo para o dicastério litúrgico, o Papa Francisco nomeou um pastor com uma experiência de 22 anos como responsável por uma diocese. Há alguns anos, o novo prefeito da Congregação para o Culto Divino chamou a atenção dos meios de comunicação quando recordou que a África é explorada pelos poderes do mundo; além disso, é recordado por uma homilia feita em 2011 (durante a ordenação de novos sacerdotes e diáconos na Communauté Saint-Martin de Candes) na qual refletiu sobre a formação litúrgica: nessa ocasião, Sarah insistiu no dever dos pastores de anunciar fielmente os ensinamentos de Jesus e de não se calar diante dos “graves desvios” no campo moral.

Em uma entrevista à agência Zenit, de 23 de outubro passado, o novo prefeito falou sobre o Sínodo Extraordinário sobre a Família que acaba de terminar e afirmou que o tema da admissão dos católicos divorciados recasados à Eucaristia não representa “um dos verdadeiros desafios que interessam às famílias de hoje”. “A crise da família – explicou – deriva da concepção relativista segundo a qual foi mudando o conceito de matrimônio e de vida em casal”. Poucos dias antes, em outra entrevista para a Catholic News Agency, denunciou as pressões de alguns grupos internacionais que condicionam a ajuda econômica na África à assimilação das teorias de gênero.

Sarah, um curial com longa experiência pastoral na África, tem um perfil bastante tradicional: em 24 de outubro passado participou de um encontro para os sacerdotes que realizavam uma peregrinação romana anual dos fiéis ligados à missa antiga. Com sua chegada à presidência do dicastério do Culto Divino não se deve, portanto, esperar experiências no campo litúrgico.

Quem conhece o cardeal Sarah há algum tempo sustenta que deixa o seu atual cargo de presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, a unidade de ‘urgências’ caritativa do Papa em nível mundial, com certa apreensão. E dizem que o cardeal africano não deixou de manifestar suas reservas; tratar-se-ia, pois, de uma decisão tomada há poucos dias ou poucas semanas. Da mesma maneira que aconteceu com o cardeal Raymond Leo Burke a quem se comunicou (paralelamente aos rumores que circulavam nos meios de comunicação) sua passagem da Assinatura Apostólica para os Cavaleiros de Malta. Teriam feito a ele o comunicado antes do Sínodo: e este é um detalhe particular que anula as afirmações pouco confiáveis daqueles que apresentaram sua nomeação como uma remoção vinculada com as posturas expressadas pelo próprio Burke durante a assembleia sinodal sobre a família.

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