31 Março 2013
Acceptasne electionem de te canonice factam in Summum Pontificem? É o momento mais solene, "aceitas a tua eleição canônica a Sumo Pontífice?", aquele que, entre as tantas imagens históricas, infelizmente, nenhuma câmera pôde registrar. Quem levanta o véu sobre o segredo da Capela Sistina – depois de pedir a permissão do papa, é claro – é o cardeal Angelo Comastri, vigário de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano, e a sua entrevista exclusiva, esta sim diante das câmeras, fala sobre as primeiras palavras de Bergoglio – só dali a pouco é que ele anunciaria que queria se chamar Francisco, para a perplexidade geral – como pontífice.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 28-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Para ser mais preciso, naquele instante em suspenso, Bergoglio foi eleito pelos seus coirmãos, mas ainda continua sendo um cardeal: é ao completar aquela frase, ao dizer sim, que Bergoglio se torna papa. Bergoglio que levanta o olhar e, segundo Comastri, diz: "Sou um grande pecador. Confiando na misericórdia e na paciência de Deus, no sofrimento eu aceito".
A revelação está contida no DVD Francesco, nas bancas no dia 2 de abril, junto com o jornal Corriere della Sera. Cinquenta minutos de imagens gravadas em alta definição pelo Centro Televisivo Vaticano e produzidas em colaboração com a Officina della Comunicazione, a Rai Eri e o Corriere, para contar os 30 que mudaram a história da Igreja. Sequências que entraram na memória coletiva, gravações inéditas.
Começa-se com a expectativa dos fiéis na praça, sob a chuva, a fumaça branca da chaminé da Capela Sistina, e Francisco que, às 20h22 do dia 13 de março, se apresenta à loggia de São Pedro com a simples batina branca, o crucificado de ferro e sem mozeta vermelha, "irmãos e irmãs, boa noite!", o papa pego "quase do fim do mundo", que se define como "bispo de Roma" e, como primeira coisa, reza "pelo nosso bispo emérito, Bento XVI".
De lá, as imagens voltam para o momento que marcou uma reviravolta na história bimilenar da Igreja, às 11h41 do dia 11 de fevereiro, quando Bento XVI declara em latim a sua "renúncia" ao papado a partir das 20h do dia 28 de fevereiro. Depois, Joseph Ratzinger que, às 17h07 do dia 28 de fevereiro, decola de helicóptero do Vaticano, circulando ao redor da Cúpula de Michelangelo, sobrevoando os Fóruns e o Coliseu, rumo a Castel Gandolfo, a última bênção e a última saudação do papa aos fiéis: "Obrigado, boa noite!".
E ainda os preparativos para o conclave, a preparação da Capela Sistina, a chegada dos cardeais de todo o mundo, a eleição e os primeiros dias do pontificado de Francisco. Até a última reviravolta da história: o papa que vai almoçar com o papa emérito, o abraço entre Francisco e Bento XVI, as mãos que se apertam, a oração um ao lado do outro diante de Nossa Senhora.
O DVD, com os textos de Aldo Maria Valli, a voz do narrador Fabrizio Bucci e as músicas de Matteo Ceccarelli, inclui as entrevistas com Comastri, o decano Angelo Sodano e com os cardeais Óscar Rodríguez Maradiaga e Gianfranco Ravasi.
Na manhã do dia 27, o documentário foi apresentado na Sala de Imprensa do Vaticano, com o padre Federico Lombardi coordenando as intervenções do arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, do diretor do Corriere, Ferruccio de Bortoli, de Dom Dario Edoardo Viganò, diretor do Centro Televisivo Vaticano, e de Luigi De Siervo, da Rai.
"Acredito que é um documento que entrará para a história e nos permitirá – e provavelmente também permitirá aos estudiosos, mas também às próximas gerações – compreender as emoções que vivemos", observou De Bortoli. E o arcebispo Celli: "Estamos em uma época nova, em que as imagens se tornam verdadeiramente um ponto de referência contínuo. E fazem a história".