Em visita ao Peru, Papa deve encontrar cenário de crise

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Por: Lara Ely | 16 Agosto 2017

Quando o próximo ano começar, faltarão duas semanas para o Papa Francisco aterrissar no Peru, onde será aguardado após breve passagem pelo Chile. A visita ocorrerá em meio a uma tumultuada crise política e econômica, com consequências fortes na educação e emprego. 

O país que se prepara para receber o pontífice vive um cenário em que professores, médicos, enfermeiros e demais servidores protestam por melhores condições de trabalho, mostrando desconforto pelos salários congelados há dez anos.

Subordinada à agenda da corrupção desde que o país começou a ser investigado na Operação Lava-Jato (que levou à prisão o ex-presidente Ollanta Humala por recebimento de dinheiro ilícito da Odebrecht), a questão tem sido um fantasma que assombra o desenvolvimento do país.

O atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, que assumiu desde a saída de Humala, tem alto índice de reprovação. Segundo pesquisa do instituto Ipsos Peru, 29% dos peruanos rejeitam sua gestão. Ele herdou uma economia paralisada desde 2014, e um ano à frente do governo foi insuficiente para tirar a economia da lama.

Soma-se ao escândalo da Odebrecht (que afastou investimentos privados em infraestrutura, como o gasoduto) um inesperado Fenômeno do El Niño na costa, que afetou com enchentes especialmente a zona norte do país, onde se concentra quase 20% do PIB nacional.

Em entrevista ao jornal peruano El Comercio, PPK afirmou que apesar de representantes de algumas regiões já terem assinado acordos, há pessoas que se aproveitam de seu governo "não repressivo". "Não queremos professores que estão associados à violência, mas sabemos que eles não são terroristas, são professores frustrados. Nesses dez anos em que os salários foram congelados, foram acumuladas muitas frustrações”, disse, ao reconhecer que os professores peruanos são mal pagos.

Mensagem ao povo peruano

Em meio a um período de vacas magras e desesperança, a visita do papa pode servir de alento aos fiéis peruanos. Na capital Lima, Bergoglio terá dois encontros que deverão reunir milhares de pessoas: um deles com os jovens e o outro com as famílias e a população no geral. A visita deve reunir um público entre 2 e 5 milhões, das quais 20 mil serão jovens voluntários.

Confira a programação nas cidades visitadas pelo Pontífice

Em recente coletiva realizada na sede da Conferência Episcopal Peruana - CEP, o Arcebispo de Trujillo Dom Miguel Cabrejos destacou que a visita do Papa, que acontece entre os dias 18 a 21 de janeiro e inclui as cidades de Lima, Puerto Maldonado e Trujillo, é “apostólica” e “pastoral” e assinalou que “vai exigir uma adequada preparação espiritual dos fiéis”.

Em comunicado oficial publicado no site do Vaticano, o Papa enviou uma mensagem de esperança aos peruanos.

“Vocês são um povo com muito reserva, e a reserva mais linda que pode ter um povo é a reserva dos santos. E vocês tem tantos e grande santos que marcaram a América Latina (...). Um santo sempre trabalha neste caminho, de trazer o que está disperso à unidade. Assim fez Jesus. Unidade e esperança, trabalhem nisso”.



Além das quatro missas previstas, Bergoglio deverá se encontrar com indígenas amazônicos e vítimas de inundações ocorridas nos primeiros meses do ano. Ele também terá um encontro privado com o presidente Kuczynski e sua família no Palácio do Governo e uma viagem para Buenos Aires na agenda.

Esta semana, a notícia de que o Papa Francisco confirmara a intenção de viajar a El Salvador, foi anunciada pelo Cardeal do país Gregório Rosa Chávez, em sua página no Facebook. "Papa Francisco me confirmou esta noite sua intenção de vir ao país para a possível santificação de nosso beato (monsenhor Óscar Arnulfo Romero). Darei mais informações nos próximos dias", dizia a postagem. Mais tarde, a notícia foi desmentida e o cardeal afirmou que a conta na rede social era falsa.

Por ocasião da visita ao Peru, vale lembrar o que ocorreu no filme franco-uruguaio-brasileiro de 2007 Banheiro do Papa, escrito e dirigido por César Charlone e Enrique Fernández. Baseado em um fato real, o filme retrata o impacto da visita do Papa João Paulo II, em 1988, em uma cidade do Uruguai, Melo, próxima à fronteira com o Brasil, onde muitos habitantes vivem de pequenos serviços, como contrabandear de bicicleta, produtos de consumo comprados em Aceguá, Rio Grande do Sul.

Na obra, a vinda do Papa é anunciada pela imprensa com grande alarde, estimando que milhares de pessoas viriam ao evento. No panorama de dificuldade de emprego e oportunidades, a visita é vista pela população de Melo como uma oportunidade de abrandar a pobreza. No entanto, a passagem é tão rápida que o investimento não surte os efeitos desejados.  

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