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24 Março 2010

Não resta dúvida sobre o caráter martirial da morte de dom Romero. Iniciou-se, na América Latina, a época em que os cristãos, morrendo pela fé, dão sua vida pela justiça.
Os últimos dois anos de sua vida, ele registrava à noite em um gravador os principais fatos do dia. Lembrava-se deles e os comentava.
“Rezo ao Espírito Santo, para que me faça caminhar nas estradas da verdade e me mantenha sempre guiado unicamente por Nosso Senhor; jamais pelos elogios, nem pelo temor de ofender” (13/03/80). Tais palavras, pronunciadas dez dias antes da sua morte, resumem o seu projeto de vida.
Seu amor pela unidade da Igreja e do povo é o principal motivo do seu sofrimento, principalmente quando é incompreendido e acusado de ser fonte de divisão. Mas, Dom Romero inspira-se somente no Evangelho. Nele, encontra a força e a luz de sua luta e de suas propostas. Aos jornalistas que o interrogam sobre uma solução pacífica para a violência no país, responde com simplicidade evangélica: “Eu digo sempre que a melhor solução pacífica é um retorno ao amor e um verdadeiro desejo de busca de um diálogo. Isso deve basear-se em um clima de confiança – que tem de ser demonstrado com os fatos – para que o povo possa expressar as próprias opiniões em total liberdade e todos sejam admitidos ao diálogo”.
Dom Romero é morto enquanto celebra a Missa. Indefeso, porque sempre recusara as ofertas de proteção do governo. “Quero correr os mesmos perigos que o meu povo corre”, costumava repetir. Poucos minutos antes do crime, disse na homilia: “Neste cálice o vinho se torna sangue, que foi o preço da salvação. Possa este sacrifício de Cristo nos dar a coragem de oferecer nosso corpo e nosso sangue pela justiça e pela paz do povo”.

(cfr. notícia do dia 24-03-10, desta página).