O cardeal Zen pede que a “Igreja clandestina” não seja abandonada

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Por: Caroline | 22 Novembro 2013

Próximo ao início da Terceira Plenária do Partido Comunista chinês, justamente, quando o novo Secretário de Estado vaticano, o arcebispo Pietro Parolin, começa – finalmente – seu trabalho (após mais de um mês, devido a problemas de saúde), o cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun (foto) pede ao vaticano que fale com mais clareza sobre a defesa dos católicos, sobretudo aos da chamada “Igreja clandestina”, que são as comunidades que se negam a se registrar na Associação Católica Patriótica – controlada pelo governo – e que permanecem fiéis ao Papa. “A Santa Sé deve se decidir entre ser clara ou aceitar o compromisso – declarou o purpurado à agência de notícias Catholic News Service. Infelizmente, as pessoas veem muita dificuldade em relação aos seus funcionários. Percebe-se a sombra da ‘ostpolitik’”.

A reportagem é de Marco Tosatti, publicada por Vatican Insider, 20-11-2013. A tradução é do Cepat.

Fonte: http://goo.gl/QwPoCo

Esta era a política que o Vaticano havia adotado, durante anos, para se relacionar com os regimes comunistas da Europa oriental. Os que a apoiavam afirmavam que se tratava de garantir melhores condições de vida para os católicos desses lugares; em troca, frequentemente os cristãos “das catacumbas” pediam ao Vaticano que se expressasse com mais ênfase e clareza em sua defesa. Talvez não seja nenhuma causalidade que o cardeal tenha se referido a este argumento, neste momento. O novo Secretário de Estado, dom Parolin, é um diplomático de carreira, da escola dos cardeais Casaroli y Silvestrini, que eram grandes protagonistas da “ostpolitik” vaticana (às vezes, inclusive, em oposição às atitudes de João Paulo II).
 
O cardeal chinês argumenta que entre os dez milhões de católicos chineses existem divisões, não apenas entre “a chamada comunidade clandestina e a comunidade que aceita o controle governamental”, mas também entre estes últimos. “A parte que se submete ao controle governamental não está unida. Todavia, há alguns que se opõem com certa resistência frente à subordinação, e outros que toleram esta opressão, este controle”. E também há alguns “oportunistas, que aceitaram cordialmente a colaboração do governo e perseguem seus próprios interesses e os do governo, ao invés de zelar pelos da Igreja”.
 
Após elogiar os esforços de Bento XVI, em tentar levar certa unidade à Igreja chinesa, o cardeal acusou alguns do Vaticano que seriam “muito compreensivos e conciliadores com o governo comunista”.  “Esta que podemos chamar ‘comunidade clandestina’ sofre – acrescentou o purpurado. Sentem-se abandonados. As ações de Roma não são em seu favor. Especialmente, por exemplo, muitos bispos morrem e não são nomeados seus sucessores”. “Esta política, em minha opinião, é um erro e, como resultado, a Igreja se fragiliza”. O cardeal chinês Joseph Zen concluiu reconhecendo que, apesar do novo Papa não ter se pronunciado a respeito, trata-se de “um homem sábio. Está escutando, estudando. Esperamos que o Senhor o ajude”.
 
 Enquanto isso, a perseguição à Igreja clandestina continua. A rede de jornais AsiaNews anunciou que, desde o começo de outubro, os sacerdotes da Igreja clandestina se encontram na prisão. Seu “crime” foi ter organizado sessões de catequese para adultos na localidade de Qinyuan, próximo de Baoding (Hebei). Trata-se do padre Tim Dalong e de outro sacerdote, cuja identidade não se conhece. Ambos são muito jovens (tem cerca de 40 anos), e após a prisão foram trancados em um quartel da polícia de Baoding, cidade em que a Igreja clandestina mostra uma vivacidade especial. Quatro fiéis leigos, que estavam ajudando aos sacerdotes em sua obra de catequese, viram-se obrigados a pagar uma multa de 4 mil yuanes (cerca de 400 euros), que equivale ao salário de dois meses de um operário especializado. Segundo a AsiaNews, pelo menos 10 sacerdotes da Igreja clandestina sofreram este tipo de perseguição. Alguns deles foram condenados ao “Laojiao”, quer dizer, ao campo de trabalhos forçados. É relevante enfatizar que estas prisões ocorreram a poucas semanas da abertura da Terceira Plenária do Partido Comunista chinês, que, segundo a propaganda oficial, apresentará reformas “sem precedentes”.

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