“O Papa tem muita oposição dentro e fora da cúria, e o sabe”, afirma Andrea Riccardi

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Por: André | 12 Dezembro 2014

O historiador e biógrafo de papas Andrea Riccardi considera que “o grande erro” da Igreja católica foi “apresentar-se como o partido dos valores tradicionais, quando é a tradição da esperança”.

 
Fonte: http://bit.ly/12UZZTd  

A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 10-12-2014. A tradução é de André Langer.

Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio e ex-ministro da República italiana, pronunciou na quarta-feira, dia 10 de dezembro, em Barcelona, a conferência “Uma inadiável renovação eclesial”, com a qual abriu o III Simpósio Internacional sobre o Concílio Vaticano II: a Igreja, mistério de comunhão e missão, organizado pela Faculdade de Teologia da Catalunha.

Para este especialista na história da Igreja católica nos séculos XIX e XX, a 50 anos do término do Vaticano II (1962-1965) pode-se afirmar que sem esse concílio “a Igreja teria naufragado e seria uma pequena comunidade com um grande passado”.

Também destacou que a Igreja não é tão forte como era na década de 1960, com mais de um milhão de religiosos consagrados, e o mundo também mudou. E disse que “aceitar o desafio de ser Igreja-Povo” é para ela “questão de vida ou morte”.

Riccardi indicou que agora a Igreja é “frágil” e “insignificante” e é obrigada a enfrentar a globalização que, na sua opinião, é a que induz aos fundamentalismos, porque “nasce por estar sem raízes”.

O professor Riccardi foi amigo pessoal dos últimos papas e autor do livro A surpresa do Papa Francisco (em italiano) no qual aborda as ideias-força do presente pontificado e o projeto eclesial que há por trás da figura do papa.

“Com Francisco, a palavra ‘povo’ volta novamente a fluir em nosso idioma: o Povo de Deus, que não tem limites marcados”, destacou Riccardi, que enfatizou o compromisso comunitário pedido por Bergoglio.

Neste sentido, considerou que Francisco “não é um Papa liberal que sucedeu a um Papa tradicional”, porque “conservadores e liberais são categorias equivocadas na vida da Igreja”.

Francisco encarna o sonho de reconciliação, não aceita uma Igreja que se resigna a ser uma minoria, quer uma comunidade de pessoas”, explicou o especialista, que reconheceu que o atual Papa tem “muita oposição, dentro e fora da cúria, e o sabe”.

Para Riccardi, o Papa Francisco “sonha com um mundo e uma Igreja em que há muitos sonhos. Seu sonho é o Concílio”.

Andrea Riccardi assinalou que a encíclica papal Evangelii Gaudium dedica um capítulo à “renovação da Igreja”, no qual Francisco diz: “Sonho com uma opção missionária que pode transformar tudo...”.

“Parece-me que a Igreja teve problemas para ler o mundo global. O sonho do concílio era para mudar homens e mulheres com a palavra do Evangelho, e também para mudar o mundo”, disse. Mas, na sua opinião, não o fez porque frente aos abandonos e a perda de capacidade atrativa, mais que à transformação dedicou-se a “conter as perdas”.

Em um encontro com jornalistas, Riccardi disse estar convencido de que, graças “à sua grande aliança com o povo”, o Papa Francisco conseguirá uma renovação profunda da Igreja que passa por um processo para acabar com a “subcristandade clerical”.

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