O meu encontro com o Papa Francisco. Artigo de Eugenio Scalfari

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21 Julho 2014

Conversar com o Papa Bergoglio e, muitas vezes, também se escrever e trocar telefonemas é um profundo estímulo do espírito.

Publicamos aqui um trecho do editorial de Eugenio Scalfari, jornalista e fundador do jornal italiano La Repubblica, 20-07-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

No domingo passado, eu contei uma longa conversa minha com o Papa Francisco. É a terceira que tivemos no palácio de Santa Marta, onde é a sua residência, que não se assemelha em nada ao Palácio Vaticano onde os pontífices residiram ao menos por quatro ou cinco séculos.

Para um descrente que admira a pregação de Jesus de Nazaré, como relatada pelos Evangelhos e aprofundada e comentada pelas cartas de Paulo às nascentes comunidades da nova religião, conversar com o Papa Bergoglio e, muitas vezes, também se escrever e trocar telefonemas é um profundo estímulo do espírito.

Eu não mudo o meu modo de pensar, e o papa sabe muito bem disso; mas eu sinto que muda ou se enriquece o meu modo de sentir.

Assim espero que aconteça também aos meus leitores, e assim também o papa me diz que acontece. Ele fala com muitíssimas pessoas, conforta, ajuda, fortalece a vocação pelo bem do próximo e, ao mesmo tempo, transforma e renova a Igreja e as suas estruturas que têm uma grande necessidade disso.

Um grande papa; deixará uma marca profunda na história da Igreja, que tem uma grande necessidade de sair de um isolamento longo demais.

Lembrei esse meu encontro de domingo passado com o Papa Francisco porque ele não acontece com frequência. Quando acontece, é um grande alívio para mim.

Mas, já desde a semana passada, devo voltar ao meu trabalho de comentarista político, econômico, social. Esses temas também me apaixonam, mas muito menos. Pode ser o tempo que me foge, pode ser a estatura muitas vezes modesta dos protagonistas e pode ser especialmente a modéstia da estrutura ético-política que caracteriza o fim de época que estamos vivemos.

Os fins de época podem ser grandiosos ou medíocres. O que estamos vivendo é decididamente medíocre, mas, mesmo assim, é preciso ilustrar a sua dramaticidade. Medíocre e dramática.

Às vezes isso aconteceu na história do mundo. A Alta Idade Média foi um caso semelhante, e muito antes o havia sido o fim do Império Romano, de Teodósio em diante.

Com mais razão é preciso lidar com isso, buscando entender e levar a entender o que acontece. Muitas vezes, nós também erramos tanto as diagnoses quanto as terapias.

Ninguém é infalível; o Papa Bergoglio sabe que nem o papa o é. Por isso, ele é grande, mesmo que não o saiba e não se proponha a isso. Deixem que um descrente o diga.