Novo presidente da Itália e Papa Francisco: "Duas visões consoantes"

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03 Fevereiro 2015

O padre Antonio Spadaro, diretor da revista dos jesuítas italianos La Civiltà Cattolica, postou no Twitter uma entrevista em vídeo no YouTube em que Sergio Mattarella [novo presidente italiano, eleito no sábado passado] descreve o entusiasmo com que ele viveu os anos do Concílio Vaticano II.

A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada no jornal Corriere della Sera, 02-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Por quê?

Porque me chamou muito a atenção. O vídeo mostra que foi eleito presidente uma personalidade rica, um jurista, um político de grande estatura, cuja formação católica deu frutos. É um católico não muscular, não ideológico, que cresceu em um período complexo, que considera a sua fé como uma enzima.

Uma enzima?

Na entrevista de vídeo, que é de 2010, ele fala de sonhos e de ideais, não de táticas e de estratégias. Para ele, a fé é fermento dentro da história. Não é uma ideologia abstrata, que se impõe sobre a realidade. Ele se refere a dois papas: João XXIII e Paulo VI. Entusiasmo, esperança e inovação, para ele, são as três palavras-chave da herança daqueles anos. No Concílio, chamava a atenção dele o sentido pleno da universalidade da Igreja e a dimensão profética da fé.

Um presidente de outros tempos?

Não. E para o próprio Mattarella, nem sempre o passado é melhor do que o presente. E o cristão vive no presente. Nada de nostalgia.

Mattarella se formou em estreito contato com os jesuítas. Isso tem a ver com o seu catolicismo não ideológico?

Sim. Há uma palavra que expressa essa característica típica da educação dos jesuítas e que me parece ter desempenhado um papel decisivo para Mattarella, tal como emerge da sua própria entrevista, a palavra "discernimento". Ela expressa uma visão positiva da realidade, uma abertura dialógica e a capacidade de escuta do outro. Além dos estreitos contatos quando adulto com o padre Bartolomeo Sorge e o padre Ennio Pintacuda. A sua formação, contudo, teve pontos de referência plural: os irmãos maristas, a Ação Católica, os padres rosminianos, a Pro Civitate Cristiana.

O primeiro pensamento do presidente foi "para as dificuldades e as esperanças dos nossos concidadãos".

No vídeo, ele diz textualmente: "Estudar juntos, viver juntos uma experiência de classe, de comunidade e de estudo me ajudaram a compreender as exigências, os problemas e as expectativas dos outros. Crescemos se crescemos juntos. Realizamo-nos se nos realizamos juntos." Parece ouvir o Papa Francisco que se expressa nos mesmos termos.

Mattarella foi marcado pela tragédia do seu irmão [Piersanti, assassinado em 1980 pela Cosa Nostra]. Hoje, máfia e corrupção ainda são uma emergência.

Mattarella entrou na política por causa dessa ferida viva na carne. E aprendeu do seu irmão, que foi um político de ruptura, a necessidade da luta contra a corrupção. Essa é uma característica forte da identidade do presidente, hoje particularmente relevante.

É singular o fato de que um católico seja uma reserva da República?

Não, ao contrário. É precisamente o seu catolicismo que lhe dá uma concepção "laica" da política, entendida como construção – por parte de pessoas de diferentes experiências e culturas – da coisa pública e do bem comum. E esse é também o pensamento do Papa Francisco. As duas visões do recém-eleito e do Papa Francisco me parecem extraordinariamente consoantes.

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