O paradoxo Levy-Tombini e a invasão dos hunos

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16 Outubro 2015

"Hoje em dia, não há nenhuma dúvida a respeito da imprudência da política monetária adotada por um Banco Central sem observar minimamente limites prudenciais. Do lado dos economistas ortodoxos, levanta-se o fantasma da dominância fiscal – cenário em que a fragilidade fiscal supostamente tornaria a política monetária ineficaz para a contenção da inflação. Do lado dos heterodoxos, a defesa do fim do ajuste Joaquim Levy, por impossível de fechar as contas", assevera Luis Nassif, jornalista, em comentário publicado por Jornal GGN, 16-10-2015.

Segundo ele, "a aposta Levy foi puramente ideológica, um ideologismo cego, rastaquera, de academia, julgando que quanto mais a situação econômica do país se deteriorasse, mais fortaleceria as teses do ajuste liberal, com a flexibilização das despesas obrigatórias, o desmonte do Estado social e de qualquer veleidade de política industrial".

Eis o artigo.
 
Confira-se o paradoxo:

1.    O Ministro da Fazenda Joaquim Levy coloca como pré-condição para a volta do crescimento a manutenção do rating de bom pagador para o Brasil, por parte das agências de risco.

2.    Para tanto, tem que apresentar um cenário de médio prazo de estabilização da dívida bruta pública como proporção do PIB.

3.    Aí combina-se um quadro internacional desfavorável com um contingenciamento fiscal e uma política monetária que derruba o PIB em 3 pontos percentuais.

4.    Caindo o PIB, há uma queda mais que proporcional da receita fiscal, que se torna superior aos cortes pretendidos do lado das despesas.

5.    De um lado, cai o PIB; de outro as taxas de juros praticadas pelo Banco Central impõem ao Tesouro um custo fiscal da ordem de 8% do PIB criando uma dinâmica explosiva para as contas públicas e um quadro de aprofundamento temível do nível de atividade.

Conclusão: a Fitch rebaixa o rating do país devido à falta de dinamismo da economia, ao crescimento vertiginoso do déficit financeiro e ao golpismo da oposição, impedindo a estabilização política do país.

***

Hoje em dia, não há nenhuma dúvida a respeito da imprudência da política monetária adotada por um Banco Central sem observar minimamente limites prudenciais. Do lado dos economistas ortodoxos, levanta-se o fantasma da dominância fiscal – cenário em que a fragilidade fiscal supostamente tornaria a política monetária ineficaz para a contenção da inflação. Do lado dos heterodoxos, a defesa do fim do ajuste Joaquim Levy, por impossível de fechar as contas.

***

Qualquer economista minimamente dotado, qualquer analista com noção mínima de práticas financeiras prudenciais sabia há tempos que a fórmula Joaquim Levy-Alexandre Tombini não funcionaria, tanto pelos efeitos sobre o nível de atividade (e da receita fiscal) quando pelos impactos no custo financeiro da dívida.

Por que se insistiu tanto assim?

***

A aposta Levy foi puramente ideológica, um ideologismo cego, rastaquera, de academia, julgando que quanto mais a situação econômica do país se deteriorasse, mais fortaleceria as teses do ajuste liberal, com a flexibilização das despesas obrigatórias, o desmonte do Estado social e de qualquer veleidade de política industrial.

Era só uma questão de prender a respiração e ser mais resistente do que a realidade econômica.

***

Na outra ponta, um grupo de hunos inconsequentes, pessoas da estirpe de Aécio Neves, Gilmar Mendes e Eduardo Cunha, agravando ainda mais a governabilidade, o aprofundamento da crise, com a ajuda indispensável de grupos de mídia que acreditam em formulas mágicas: basta derrubar o governo que seus problemas financeiros se resolvam em um passe de mágica.

***

No meio disso tudo, uma presidente da República que só agora, nos últimos dias, mostrou alguma capacidade de reação, mas que não passa a menor segurança de que, dominada a crise política, começará a governar.

***

O caminho para sair desse nó eminentemente político passa, primeiro, pelo fim desse absurdo terceiro turno.

Depois, a montagem de uma base mínima de sustentação política para poder superar de vez a fórmula Levy-Tombini.

Finalmente, a apresentação de uma agenda positiva que mostre, pela primeira vez, uma expectativa mínima de futuro.

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