Nomeações de bispos: questionário deve ser reformado

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16 Setembro 2016

O Conselho dos Cardeais debateu a possibilidade de alterar o questionário utilizado na sondagem sobre a adequação de candidatos ao episcopado.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 14-09-2016. A tradução de Isaque Gomes Correa

Um dos tópicos discutidos recentemente pelo C9, o conselho dos nove cardeais assessores do Papa Francisco para a reforma da Cúria e do comando da Igreja, tinha a ver com o processo de nomeação de bispos. O procedimento, que sempre segue um certo grau de discrição – a decisão final depende de quantas e quais pessoas são interrogadas –, não deverá aparentemente ser reformado. O que deverá ser alterado é o questionário utilizado.

Na realidade, existe um questionário empregado pelas nunciaturas para obter informação em que se pergunta a clérigos e leigos sobre a adequação de um determinado candidato. O C9 sugeriu redigi-lo, seguindo uma abordagem “mais pastoral”, que seja mais “biblicamente inspirado” e que possua uma “abordagem mais espiritual”. Isso o deixaria com um ar menos burocrático e jurídico.

Essas alterações, no entanto, não deverão ser entendidas com relação ao perfil dos candidatos ao episcopado. Já existem documentos produzidos pelo magistério recente que dão uma descrição abrangente das qualidades que um clérigo deve possuir a fim de liderar uma diocese. Em vez disso, as mudanças se referem, sobretudo, ao indivíduo que está sendo interrogado, seja ele membro do clero ou leigo. A pessoa precisará estar cada vez mais cônscia do fato de estar dando informações sigilosas à Santa Sé e que se deseja que ela entre no estado de espírito de alguém que está ajudando na escolha de um pastor.

O processo de nomear bispos já passou por numerosas reformas ao longo da história e foi influenciado por autoridades civis. Problemas ligados a “panelinhas” e grupos existiram e continuam existindo. Dependendo do período, ênfases diferentes são dadas, destacando os aspectos do perfil de um candidato que estão mais em sintonia com o pontificado em vigor.

Ao olhar para as nomeações episcopais feitas durante o pontificado de Francisco, parece haver uma preferência por candidatos que tenham experiência como párocos. A figura que surge como o candidato ideal nos discursos do papa é a de um bispo que está em meio ao seu rebanho, confirmando o seu povo na fé, mas caminhando com ele. São bispos peritos em humanidade, graças ao conhecimento deles das situações existenciais concretas que as pessoas vivem. Em sua alocução à assembleia da Conferência Episcopal Italiana em maio de 2015, o papa explicou que o que a Igreja precisava era não de “bispos-pilotos”, mas de “bispos pastores” que tenham condições de reforçar o papel “indispensável dos leigos dispostos a assumir as responsabilidades que lhe correspondem”.

A Igreja, disse Francisco já em fevereiro de 2014, “não precisa de apologistas para suas causas nem de cruzados paras suas batalhas”, bispos que não sejam escolhidos “pelas nossas pretensões, condicionadas por eventuais ‘escuderias’, camarilhas ou hegemonias”. São bispos que permanecem em suas dioceses e não ficam viajando, gastando o seu tempo em “reuniões e congressos”. Bispos que são selecionados pelo Vaticano porque foram “escolhidos pelo Espírito Santo”, pedidos pelo “santo povo de Deus”, testemunhos da ressurreição, proclamadores da salvação, capazes de agir não “para eles mesmos” mas para a “Igreja, para a grei, sobretudo para aqueles que segundo o mundo são descartáveis”.

Nessa ocasião, Francisco disse ainda que os bispos devem ser “pacientes” porque “sabem que o joio nunca será muito, capaz de invadir o campo (…) Dizem que o Cardeal Siri costumava repetir: ‘São cinco as virtudes de um Bispo: a primeira é a paciência, a segunda é a paciência, a terceira é a paciência, a quarta é a paciência e a última é a paciência com aqueles que nos convidam a ter paciência’”.

O questionário alterado deverá ser revisto pelas três congregações vaticanas diretamente envolvidas nas nomeações episcopais: a Congregação para os Bispos, a Congregação para as Igrejas Orientais e a Propaganda Fide [mais conhecida como a Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos]. Ligada a este tema está a questão dos núncios apostólicos, que também foi abordada na sessão do C9 que terminou nesta quarta-feira, 14 de setembro. O Jubileu deles deverá ser celebrado em Roma nos próximos dias e o Papa Francisco irá dirigir-se a eles com um discurso.

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