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03 Abril 2018

"Numa palavra, o desafio é superar o grande risco de toda comunidade religiosa, a autorreferencialidade, o que significa prender Jesus em si mesma." afirma Manfredo Araújo de Oliveira, doutor em Filosofia pela Universität München Ludwig Maximilian de Munique, Alemanha, e professor da Universidade Federal do Ceará – UFC.

Eis o artigo.

Certamente condição para entender o sentido da Páscoa é descer aos porões da vida humana, perceber que há aí forças presentes que parecem tragar tudo a que se pode aspirar como bom na vida humana, algo que perpassa todos os projetos humanos e é capaz destruir relações humanas e sua ligação com a Terra. Para o Papa Francisco, isto significa hoje para a igreja a tarefa de tomar consciência de que seu destino não é diferente de toda a humanidade e que, portanto, sua missão consiste em inserir-se no mundo e abrir-se às alegrias e às esperanças, às tristezas e às angústias dos homens e das mulheres de hoje sobretudo dos pobres e atribulados. Isto implica que a igreja seja capaz de escutar a sociedade, de ter sensibilidade para as gigantescas desigualdades sociais, de considerar com toda seriedade e sem temor todas as questões que a sociedade levanta, conhecendo e respeitando o ser humano em todas as suas dimensões, mostrando profunda compaixão diante do sofrimento e confrontando-se com as inúmeras formas de injustiça.

Os gritos que pedem justiça continuam muito fortes: “...não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive seu dia a dia precariamente, com funestas consequências... O medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas..." (Alegria do Evangelho 52), vítimas de um sistema econômico que põe o lucro acima do ser humano. O papa fala de uma espécie de terrorismo de base que provém do controle global do dinheiro, ameaçando a humanidade inteira. Cumprir sua missão significa para a igreja não se refugiar em si mesma e ir para as periferias geográficas e existenciais do mistério da dor, do sofrimento, da violência, da injustiça, de toda miséria humana. Uma igreja que por sua pregação e estilo de vida ajude as pessoas a compreender que somos todos responsáveis pela formação das novas gerações, ajudando-as a reabilitar a política que é uma das formas mais altas de caridade a fim de que cresça a participação das pessoas no enfrentamento dos problemas comuns, imprimindo uma visão humanista à configuração da vida social.

Numa palavra, o desafio é superar o grande risco de toda comunidade religiosa, a autorreferencialidade, o que significa prender Jesus em si mesma. O lugar da comunidade eclesial não pode ser ela mesma, mas o mundo como ele está hoje configurado e frente a suas crises profundas: uma sociedade secular que reivindica autonomia plena frente a qualquer compreensão religiosa do mundo, marcada por uma miséria que ameaça a vida de dois terços da humanidade e por um gigantesco processo de destruição das próprias bases da vida no planeta: “... crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes viver com pouca dignidade” (AE 52)

O evangelho é o anúncio àquele que espera de que o objeto da esperança chegou na fragilidade das condições da vida humana, pois é uma realidade carregada de sentido vital e definitivo: a vitória do poder de Deus sobre o que esmaga o ser humano e a integração plena da criação no projeto de Deus.

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