O papa rejeita as dúvidas dos cardeais: "Eles só sabem pensar em preto e branco"

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21 Novembro 2016

Disputa sobre a carta de quatro purpurados antes do consistório: "Eles não me tiram o sono". "Uma bomba-relógio", definem alguns dos observadores mais atentos. E preveem, vistos os tons de contestação contra um pontífice acusado até mesmo de se desviar da fé: "Muito mais do que o Vatileaks".

A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 19-11-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É a polêmica nascida por causa da carta de quatro cardeais ao papa, com o pedido de "esclarecer", com a dura resposta que chega agora de Francisco: "Alguns continuam não compreendendo, ou branco ou preto".

O papa argentino não espera o novo consistório para cortar o último ataque dos falcões no Vaticano. Jorge Bergoglio joga com antecipação e enfrenta o assunto na entrevista concedida nessa sexta-feira ao jornal dos bispos italianos, Avvenire. Destruindo, assim as armas, no dia dedicado aos 17 novos cardeais, no braço de ferro com os conservadores que o acusam de "protestantizar" a Igreja ou de "baratear" a doutrina católica.

No dia 19 de setembro passado, quatro purpurado, hoje desprovidos de papéis operacionais, mas considerados de nome e ainda mais livres para criticar o pontífice – Walter Brandmüller, Raymond L. Burke, Carlo Caffara e Joachim Meisner – escreveram uma carta em cinco pontos, pedindo clareza sobre alguns aspectos doutrinais da exortação apostólica Amoris laetitia (em primeiro lugar, a comunhão para os divorciados).

O papa não tinha respondido à mensagem, divulgada há poucos dias. Nessa sexta-feira, na entrevista, eis a referência explícita à carta: "Alguns – comenta Francisco – continuam não compreendendo, ou branco ou preto, mesmo que seja no fluxo da vida que se deve discernir. O Concílio nos disse isso. Os historiadores, porém, dizem que um Concílio, para ser bem absorvido pelo corpo da Igreja, precisa de um século... Nós estamos na metade".

A conversa com o jornal é ampla e aborda muitos temas: o ecumenismo, a misericórdia, o Jubileu. Mas é o próprio Francisco que quer responder às acusações contra ele. Em outras partes da longa entrevista, ele explica que as críticas "não me tiram o sono", e é preciso ver se aqueles que as fazem querem apenas "justificar uma posição já assumida". Neste caso, "não são honestas, são feitos com mau espírito para fomentar divisão". E reitera: "A Igreja não é um time de futebol que busca torcedores".

Ainda em 2015, outros 13 cardeais, todos membros do Sínodo ou com importantes cargos na Cúria, como Robert Sarah, George Pell e Gerhard Ludwig Müller, enviaram uma carta semelhante ao papa. Bergoglio rejeitou em bloco as suas demandas.

Nessa sexta-feira à noite, o papa foi de surpresa ao Tribunal Apostólico da Rota Romana. A Igreja, disse, a exemplo de Jesus, Bom Samaritano, "se encarna nas vicissitudes tristes e sofridas das pessoas, inclina-se sobre os pobres e sobre aqueles que estão longe da comunidade eclesial ou se consideram fora dela por causa do seu fracasso conjugal. No entanto, elas estão e continuam estando incorporadas a Cristo em virtude do batismo".

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