17 Agosto 2017
Watatakalu Yawalapíitï
Muito estranho vê os nossos direitos sendo votado por aqueles que vieram do outro lado do rio sem beira, agindo como se fossem os donos das terras onde vivemos, pobres? Nós???? Pobre é aquele que vem e se acha o dono da terra. Riqueza é vê seu povo feliz sem divisão de classe social, Riqueza é não vê suas crianças passando fome, Riqueza é vê um povo com a sua própria cultura sem copiar o modo de vida do outro. Minha cultura, minha língua, minha água, minha floresta, minha terra que é de todos aqueles que a respeitam.
Riqueza não se resume em soja
Marcotemporal é coisa de quem quer sempre tomar oque é do direito dos povos originários.
Quatro milhões de pessoas voltaram à linha de pobreza absoluta no país
André Vallias
Fuzil em estátua de Michael Jackson simboliza retrocesso de 20 anos
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
Foi há mais de 20 anos, em fevereiro de 1996, que Michael Jackson desceu de helicóptero no morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, para gravar parte do videoclipe de "They Don't Care about Us", sob a direção de Spike Lee.
Com uma letra que fala de brutalidade policial e indiferença governamental e que evoca Martin Luther King, não é difícil entender a escolha da favela carioca — e do Pelourinho, em Salvador, onde outra parte do vídeo foi filmada.
Segundo conta Caco Barcellos no excelente livro "Abusado", quando MJ chegou havia uma faixa com uma saudação em inglês, colocada a mando do dono do morro: "Bem-vindo ao mundo... não a um mundo maravilhoso, mas ao mundo humilde dos pobres".
Os mandatários tucanos da época não gostaram da ideia: Marcelo Allencar, então governador, e Pelé, ministro dos Esportes de FHC, fizeram campanha contra a filmagem, alegando que a exposição da pobreza afetaria a imagem do país no exterior. Um juiz carioca chegou a dar uma liminar proibindo a gravação.
Nesta semana, foi divulgada uma foto que mostra um fuzil pendurado na estátua que Michael Jackson ganhou no morro em 2010, um ano após sua morte. Isso sim é um retrato muito mais poderoso do fracasso de sucessivos governos federais e estaduais.
O Dona Marta foi um símbolo da política de segurança do Rio — lá foi instalada a primeira das Unidades de Polícia Pacificadora, em 2008. Duas décadas depois do clipe, se alguém quiser gravar um vídeo na favela, provavelmente terá de pedir autorização ao dono do morro, como a equipe de Jackson fez à época.
O refrão da música, "eles não ligam pra gente", continua valendo no Dona Marta, assim como no Jacarezinho, em Manguinhos e em tantas comunidades que seguem largadas à própria sorte.
FSP 17.8.2017
Pablo Ortellado
A desfaçatez com que os neonazistas marcharam em Charlottesville deixou o mundo inteiro preocupado e aqui não foi diferente. Nosso equivalente nacional que é o militarismo embora não seja abertamente racista, tem em comum com a extrema-direita americana o fato de ser ultra-autoritário e adversário violento de tudo aquilo que foge do padrão normativo - inclusive a pobreza. Uns bons 10% das pessoas que debatem política no Facebook devem passear pelas páginas militaristas e o candidato desse campo já tem 15% das intenções de votos. Esse setor sozinho não consegue fazer mais estrago do que o que já faz rotineiramente nas periferias, por meio da PM, mas se ele se aliar com as forças novas ou as mais tradicionais da direita, como aconteceu com Trump, vamos mergulhar no pesadelo. O que me assusta são os sinais de solidariedade, as piscadelas que evangélicos como Magno Malta, "liberais" como MBL, youtubers influentes como Joice Hasselmann e páginas como a do Antagonista andam dando para Bolsonaro. Se essas forças se somarem e conseguirem empurrar esse fascínora para o segundo turno, teremos um problema maior que o dos norte-americanos, porque Trump é sofisticado se comparado com o ex-capitão brasileiro.
Luiz Eduardo Soares
Muito impressionante e repulsivo: veja em detalhes como os EUA ajudaram a financiar e a organizar a escalada neoliberal no Brasil, que culminou com o impeachment de Dilma, a estigmatização do PT e das esquerdas, até mesmo dos social-democratas, e a posse de Temer com sua agenda regressiva. O artigo mostra que a ação atingiu quase toda a América Latina, envolvendo a Academia, a Mídia, Think Tanks e as Redes Sociais. Essa matéria tem de ser amplamente divulgada. Deve ser lida por tod@s @s que não se renderam à barbárie em curso. Julita Lemgruber Bruno Torturra Pablo Capilé Miriam Krenzinger Pedro Abramovay Natália K. Guindani: Esfera de influência: como os libertários americanos estão reinventando a política latino-americana.
Fernando Altemeyer Junior
Quem fornecia o pesticida Zyklon-B (cianeto de hidrogênio) colocado nas chamadas “câmaras de gás” utilizadas pelos nazistas para exterminar milhões de judeus? A empresa alemã IG Farben, antecessora da mesma Bayer que continua a fornecer inseticidas mundo afora.
Caio Almendra
Dois grandes equívocos:
-Achar que a crise econômica atual é de responsabilidade do um ano de Temer.
-Achar que a política econômica de Temer vai resolver a crise.
Rudá Guedes Ricci
Ainda sobre o Distritão
Acabo de dar uma entrevista para o Faixa Livre, programa comandado pelo economista Paulo Passarinho, sobre o Distritão.
Decidi postar aqui algumas informações a respeito do tema porque, ao final da entrevista, percebi que havia postado um comentário anterior muito sucinto. Vamos lá:
1) O distritão será votado (ou poderá ser votado) hoje, na Câmara de Deputados. Serão necessários 308 votos em dois turnos e passar pelo mesmo ritual no Senado para já valer em 2018. Para tanto, a votação terá que estar concluída, nas duas Casas, até início de setembro;
2) O distritão sugere que os mais votados sejam eleitos, não trazendo consigo os outros candidatos de seu partido ou coligação que entrem no jogo em função do quociente eleitoral (digamos, sinteticamente, que são os votos somados pelos candidatos de seu partido ou de sua coligação que perfizerem o número necessário para conquistar cadeiras). O exemplo dos defensores da proposta é o de Tiririca que, sendo campeão de voto, teria carreado para o parlamento mais três inexpressivos e impopulares candidatos de sua coligação. O exemplo é bom, inclusive para criticar o distritão. Afinal, a sugestão propõe que os mais votados sejam vários Tiriricas?
3) Os apoiadores do distritão afirmam que o voto distrital misto (combinação de voto em candidatos de um distrito eleitoral específico com candidatos gerais organizados em ordem de prioridade numa lista criada por cada partido) seria melhor, mas só poderá ser adotado em 2020, já que o TSE afirmou que não teria tempo suficiente para organizar os 513 distritos eleitorais para realizar tal processo eleitoral. A questão é que, com o distritão, formaremos uma casta e, assim, mataremos as lideranças pensantes (as raras, mas que existem) dos partidos em troca dos "campeões de voto". Em suma, quando instalado o voto distrital misto em 2020, os mais importantes nomes da lista partidária serão os campeões de voto de 2018. O distritão empobrecerá todo sistema partidário, este que já está doente;
4) O distritão formará castas partidárias, aqueles campeões de voto que o conseguem porque possuem muitos recursos (dinheiro, exposição, cabos eleitorais). Lembremos que muita pesquisas dão conta que o eleitor pobre, a maioria dos brasileiros, não vê sentido ou utilidade no candidato à deputado (estadual ou federal) ou Senado. Nunca aparece no seu bairro ou comunidade. Daí não se lembrar do nome em quem votou. Porque não votaria se fosse possível. Assim, vota próximo do dia da eleição, por obrigação, e escolhe algum citado por seu círculo familiar ou de amizade ou que aparece mais na campanha. Aparece mais: este é o sentido da votação do mais votado. Raramente é quem é mais popular porque representa de fato um interesse social. Com o distritão, estes que representam um determinado segmento social, poderão sumir, já que sua comunidade dificilmente terá voto suficiente para competir com um tubarão eleitoral. A guerra no interior dos partidos será instalada com mais agressividade que a já existente;
5) O distritão, enfim, cria uma casta do Baixo Clero, mas coloca em risco a reeleição de parte significativa do Baixo Clero que tem voto territorial e que pode ter que competir com alguém com mais recursos do seu próprio partido que invadir seu território. Assim, a votação de hoje pode ter momentos eletrizantes, de disputa e ódio no interior do maior partido brasileiro: o Baixo Clero;
6) Juntamente com o distritão, entra em pauta na tal "reforma política" o fundo eleitoral para 2018 na ordem de 3,6 bilhões de reais. Publiquei hoje uma entrevista do deputado tucano Daniel Coelho (Pernambuco) onde afirma estar envergonhado porque o recurso necessário seria de 1,3 bilhão. Daniel apoia o distritão. PSDB, PMDB e PT, juntos, pelas regras da proposta, abocanharão 1/3 do total deste fundo. Se a eles juntarmos mais 5 partidos médios, chegamos a 80% do fundo repassado para 8 partidos. Acabou partido novo, acabou renovação, acabou candidato independente, acabou candidato de quilombolas ou qualquer segmento com eleitorado reduzido, mas que necessita de representação para seus interesses serem ao menos ouvidos;
7) Finalmente, aqui o parlamentarismo parece prosperar. Não como joguete contra Lula. Não se trata de proposta para 2018. Mas como proposta e acordo dos grandes partidos, incluindo o de Lula. Há uma linha lógica entre Distritão, que molda o voto distrital misto para 2020 e que, assim, definiria o comando de um possível parlamentarismo adstrito a um punhado de caciques de um punhado de partidos, todos comandados pelos campeões de voto do seu Baixo Clero (porque dificilmente teremos muitos campeões de voto pensantes, basta estudar os mais votados nas últimas legislaturas).
Resumo: o Brasil será comandado por um longo período pela casta do Baixo Clero de 5 a 6 partidos. E sem controle social algum sobre eles. Este foi o resultado do impeachment.
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