09 Setembro 2019
De Francisco o chamado para uma atenta seleção daqueles que ingressam no Seminário. "Não vamos clericalizar os leigos". Aos jovens: vocês são o futuro da Igreja. Às freiras de clausura: cuidado com o diabo que se apresenta de formas educadas.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 08-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cem mil jovens para o Papa, a quem, ao final de um dos dias mais intensos da viagem, Francisco diz: “Não desistam. Através de vocês o futuro entra em Madagascar e na Igreja”. É uma noite muito fria no campo diocesano de Soamandrakizay. Mas as danças, as músicas, os testemunhos dessa mini Jornada Mundial da Juventude malgaxe iluminam a noite e aquecem os corações. E também o Papa, no final, se deixará envolver pelo entusiasmo de alguns garotos que pulam no ritmo repetindo: "Somos a juventude do Papa".
A vigília começa com as palavras do jovem Rova, que trabalha em prol dos presos, a história de Vavy Elissa, filha de dois pais de diferentes etnias que foram capazes de construir uma família unida, e a saudação do bispo delegado para os jovens, Fulgence Razakarinovy, que lembra como a população da ilha é composta por 60% de jovens. O Pontífice ouve e responde. "Não deixem a luz da esperança se apagar." "É verdade - ressalta - que existe um risco para você pensar: ‘Nada pode mudar e ninguém pode fazer nada a respeito’. Especialmente quando não se dispõe do mínimo necessário para lutar dia a dia; quando as oportunidades efetivas de estudar não são suficientes; ou para aqueles que percebem que seu futuro está travado por falta de trabalho, pela precariedade, pelas injustiças sociais e, portanto, são tentados a se render”. Mas não é assim. O Senhor chama "não para nos fazer correr atrás de ilusões, mas para transformar cada um de nós em discípulos missionários". Ele "pede que não tenhamos medo de sujar as mãos", de trabalhar juntos e "reconhecer o seu rosto nos rostos dos outros".
Antes de se despedir, Francisco confia os jovens a Maria. "Aquela jovem que disse sim sem meias-palavras - lembra - hoje é a mãe que cuida de seus filhos que caminham pela vida muitas vezes cansados, carentes, mas que desejam que a luz da esperança não se apague". No fundo é a lição implementada também pela Beata Victoire Rasoamanarivo (proclamado beata por João Paulo II em sua viagem de 1989), a apóstola dos leprosos e os pobres de quem o Pontífice, antes de chegar ao campo, visita a tumba.
E é também o legado de santidade de Teresa de Lisieux, definida ontem por Bergoglio como "uma amiga fiel", e da qual ele fala, deixando de lado o discurso escrito, para as 130 irmãs de clausura de todo o país, reunidas no mosteiro das Carmelitas Descalças da capital. Sobre o seu exemplo, ele destaca: "O caminho da perfeição está nos pequenos passos em direção à obediência. Parecem pouco, mas aprisionam Deus com os fios do amor, com pequenos fatos de caridade" (a referência é a assistência que Teresa sempre prestava a uma irmã idosa que a maltratava). O papa aconselha às irmãs para cuidar do "diabo que se apresenta de formas educadas", mesmo aquelas do "pai espiritual" e de falar sobre isso imediatamente com alguém, antes que seja tarde demais.
Finalmente, as recomendações aos bispos, reunidos na Catedral. "Devemos ser os primeiros na escolha de proclamar o Evangelho aos pobres, hoje sempre, seus destinatários privilegiados. Nunca podemos deixá-los sozinhos”. Depois, o discernimento sobre os seminaristas, especialmente "aqueles expulsos de outros seminários ou da vida consagrada", que não devem ser aceitos apenas para fazer número. E quanto aos leig os, "não vamos clericalizá-los". Os diáconos permanentes "não são padres que falharam". "Longe do altar e empenhados no serviço."
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“Não aos padres apenas para fazer número”. O alerta do Papa aos bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU