02 Agosto 2019
Dois novos estudos sobre o abuso clerical no prestigiado coro Regensburg Domspatzen, apresentado em Regensburg no dia 22 de julho, rejeitam a visão do Papa Emérito Bento XVI de que o escândalo de abuso na Igreja Católica foi uma consequência da pedagogia praticada desde o movimento reformista de 1968.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por The Tablet, 01-08-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os estudos foram encomendados pela Diocese de Regensburg e realizados pelo Departamento de Pesquisa em Ciências Históricas da Universidade de Regensburg e pelo Instituto de Criminologia de Wiesbaden.
Eles seguem o primeiro relatório sobre os abusos do Domspatzen, publicado em julho de 2017, que mostrou que 547 meninos do coro foram abusados na escola coral entre 1945 e 1992.
Um abuso “extensivo e violento” na escola coral, particularmente na escola júnior, já era praticado muito antes de 1968, ressaltou Bernhard Löffler, o historiador da Universidade de Regensburg responsável pelo primeiro estudo. Havia um “sistema de violência” na escola com o qual não só a Igreja, mas também os pais e o Ministério da Cultura contribuíram.
Era impossível que Georg Ratzinger, irmão do papa emérito, que havia sido professor do coro de 1964 a 1994, não soubesse dos violentos espancamentos, disse Löffler. Georg Ratzinger tinha desempenhado um papel “ambivalente”. Durante as práticas do coro, ele era conhecido pelo seu “temperamento violento, incluindo castigos corporais e humilhação psicológica”, mas, depois que as práticas do coral acabavam, ele se mostrava pronto para ouvir as preocupações dos meninos.
No segundo estudo, Martin Rettenberger, do Instituto Criminológico de Wiesbaden, ressaltou que não havia sido possível controlar a escola coral a partir de fora, pois ela tinha seu próprio “sistema social fechado” e havia desenvolvido seus próprios “padrões morais”. O sucesso do coro era mais importante do que o bem-estar dos alunos, e o abuso era pior na escola preparatória.
Foi extremamente doloroso ser confrontado com o chocante abuso na escola coral mais uma vez, especialmente agora que ele havia contatado muitas das vítimas e podia visualizar seus rostos, disse o bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer, mas ele lembrou que “somente a verdade nos libertará”. Ele disse que os 547 meninos do coro abusados foram vítimas de 49 perpetradores, nove dos quais eram abusadores sexuais. Entre os 49, estavam diretores tanto do colégio interno quanto da escola coral, prefeitos e professores.
Até hoje, a diocese pagou às vítimas um total de 3.785.000 euros de indenização. As vítimas individuais receberam entre 2.500 e 25.000 euros.
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Principal escola coral alemã é acusada de ''abusos extensos e violentos'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU