Áreas próximas a Fukushima serão impróprias para habitação por décadas

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24 Agosto 2011

O Japão confirma que há áreas com radioatividade 25 vezes superior à permitida na área de exclusão. Naoto Kan e seu gabinete vão apresentar sua renúncia na próxima terça-feira.

A reportagem é de José Reinoso e está publicada no jornal espanhol El País, 24-08-2011. A tradução é do Cepat.

Algumas áreas próximas à central nuclear de Fukushima 1 permanecerão fechadas durante "muito tempo" e seus habitantes não poderão retornar a elas, segundo confirmou esta semana o Governo japonês. A planta ficou gravemente prejudicada pelo terremoto e o tsunami de 11 de março passado, e desde então não deixou de emitir radioatividade. Dentro da área de exclusão de 20 quilômetros em torno da central, da qual foram evacuadas 30.000 pessoas, foram detectadas zonas com índices 25 vezes acima do limite de segurança, de acordo com um relatório oficial do Executivo de Naoto Kan, que na próxima terça-feira apresentará sua renúncia em bloco pela gestão da pior crise nuclear que o mundo vive desde Chernobyl, em 1986.

"Não podemos negar a possibilidade de que alguns moradores talvez não possam retornar aos seus lares em muito tempo apesar dos nossos esforços. Peço profundas desculpas por isso", disse Yukio Edano, porta-voz do Governo, informa a France Press. Seu anúncio se dá após a publicação de um relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia, que encontrou lugares com uma radiação equivalente a mais de 500 milisieverts por ano – o nível padrão de segurança é de 20 milisieverts – dentro da área de 20 quilômetros. 15 dos 20 pontos controlados deram radiação superior a 100 milisieverts ao ano. O Ministério realizou as projeções de radioatividade acumulada em 365 dias, na hipótese de que um morador permaneceria oito horas por dia no exterior e 16 horas no interior de uma casa de madeira.

Edano afirmou que ainda não foi decidido que lugares permanecerão fechados aos moradores no longo prazo. A decisão será tomada em função dos controles levados a cabo e dos trabalhos de descontaminação. O jornal Yomiuri fala de uma área vetada de três quilômetros ao redor da central "durante décadas" e, citando fontes oficiais, afirma que as autoridades estão considerando comprar terras para os moradores desalojados para utilizá-las como depósito de resíduos radioativos, entre eles, escombros e lodo resultantes do processo de descontaminação da água da planta. Tóquio estuda também dar uma ajuda adicional aos evacuados, inclusive casas mais perenes em vez das casas pré-fabricadas que atualmente está construindo.

O Governo e a Tokyo Electric Power (Tepco), a companhia proprietária da planta, afirmam que os vazamentos de radiação diminuíram de forma espetacular desde o acidente e que planejam iniciar as tarefas de descontaminação na área de exclusão no próximo mês. As partículas acumuladas durante este tempo em prédios, árvores e no solo representam uma ameaça para a saúde.

A Tepco assegurou no fim de semana passado que a temperatura no reator número 1 se encontra abaixo de 100 graus centígrados, um dos passos necessários para obter o objetivo de levar os reatores a parada fria – estado em que o urânio no núcleo já não pode fazer ferver a água utilizada como refrigeração –, em janeiro. Antes, deve-se reduzir a temperatura em outros dois e estabilizá-la em todos eles. O terremoto e o maremoto desativaram os sistemas de refrigeração da central e desencadearam a fusão de três de seus seis reatores e várias explosões. Fukushima 1 está 240 quilômetros ao norte do Tóquio.

A gestão do desastre foi muito criticada pelos japoneses, o que precipitou a saída do primeiro-ministro, Naoto Kan, que afirmou nesta terça-feira que ele e seu Gabinete vão renunciar em bloco na próxima terça-feira, depois da prevista aprovação parlamentar, nesta sexta-feira, de uma nova lei para promover o uso das energias renováveis e da escolha de seu substituto, que sairá do Partido Democrático, na segunda-feira.

Enquanto isso, o reator número 7 da central de Kashiwazaki Kariwa, no município de Niigata, foi desligado para trabalhos rotineiros de manutenção. A parada, teoricamente de três meses, deixa a Tepco apenas com dois dos 17 reatores em funcionamento que operam em diferentes plantas atômicas, e eleva o número dos reatores parados em todo o Japão para 40, de um total de 54. O governador de Niigata foi advertido que nem sequer analisará a possibilidade de religar as instalações paralisadas enquanto a investigação sobre a catástrofe de Fukushima não foi concluída.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que se encontra na Ásia, visitou nesta terça-feira a região devastada pelo tsunami.

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