“Não privatizemos a salvação, como fazem as elites”, pede Francisco

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Por: André | 30 Janeiro 2015

Os homens são salvos singularmente por Deus, não individualmente, pois cada um, “com nome e sobrenome”, faz parte de um povo, de uma paróquia, de uma comunidade. Por este motivo, equivocam-se os cristãos que acreditam que a salvação é para si e para o próprio “grupinho”, composto por pessoas que “pensam que são bons cristãos”, mas que “privatizaram a salvação”, como acontece com certas “elites eclesiais”. Este foi o argumento principal da homilia que o Papa Francisco fez na manhã desta quinta-feira, 29, na capela da Casa Santa Marta.

 
 Fonte: http://bit.ly/1txxisf  

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 29-01-2015. A tradução é de André Langer.

Comentando a Carta de São Paulo aos Hebreus, Francisco, segundo indicou a Rádio Vaticano, afirmou que Jesus é “o caminho novo e vivo” que devemos seguir, com as formas e modalidades que “Ele quer”. Há, pelo contrário, formas errôneas de vida cristã, “modelos equivocados” que não devem ser seguidos, como por exemplo, “privatizar a salvação”.

“É verdade, Jesus salvou a todos, mas não de forma genérica. Todos, mas a cada um, com nome e sobrenome”, prosseguiu Jorge Mario Bergoglio. “E esta é a salvação pessoal. Realmente estou salvo, o Senhor me olhou, deu a vida por mim, abriu esta porta, este novo caminho para mim, e cada um de nós pode dizer: ‘para mim’. Mas existe o perigo de esquecer que Ele nos salvou individualmente sim, mas como parte de um povo. Em um povo. O Senhor sempre salva no povo. No momento em que chama Abraão, promete a ele criar um povo. E o Senhor nos salva em um povo. Por isso o autor desta Carta nos diz: ‘Prestemos atenção uns aos outros’. Não existe uma salvação somente para mim. Se eu entendo a salvação assim, erro; pego o caminho errado. A privatização da salvação é um caminho errado”.

De acordo com o Pontífice argentino, são três os critérios para não privatizar a salvação: “a fé em Jesus que nos purifica”, a esperança que “nos faz enxergar as promessas e seguir adiante” e “a caridade: prestemos atenção uns aos outros, para estimular-nos reciprocamente na caridade e nas boas obras”. Por exemplo, quando eu estou numa paróquia, numa comunidade – qualquer que seja – eu estou ali e posso privatizar a salvação e estar ali somente socialmente. Mas para não privatizá-la, devo perguntar a mim mesmo se eu falo, comunico a fé; falo, comunico a esperança; falo, faço e comunico a caridade. Se numa comunidade não se fala, não se encoraja um ao outro, nessas três virtudes, os membros daquela comunidade privatizaram a fé. Cada um busca a sua própria salvação, não a salvação de todos, a salvação do povo. E Jesus salvou cada um, mas num povo, numa Igreja”.

O autor da Carta aos Hebreus – prosseguiu o Papa – dá um conselho “prático” muito importante: “não desertemos das nossas reuniões, como alguns têm o hábito de fazer”. Isso acontece “quando nós estamos numa reunião – na paróquia, no grupo – e julgamos os outros”, “há uma espécie de desprezo pelos outros. E esta não é a porta, o caminho novo e vivo que o Senhor abriu, inaugurou”.

“Desprezam os outros; abandonam a comunidade inteira; desertam do povo de Deus; privatizaram a salvação: a salvação é para mim e para meu grupinho, mas não para todo o povo de Deus. E este é um erro muito grande. É o que chamamos – e que vemos – de ‘elites eclesiais’. Quando no povo de Deus se criam esses grupinhos, pensam ser bons cristãos, talvez tenham até boa vontade, mas são grupinhos que privatizaram a salvação”.

“Deus – destacou o Papa – nos salva num povo, não nas elites que nós produzimos com as nossas filosofias e o nosso modo de entender a fé. E essas não são as graças de Deus”. E, por isso, convidou a se perguntar: “Eu tenho a tendência de privatizar a salvação para mim, para o meu grupinho, para a minha elite ou não deserto de todo o povo de Deus, não me afasto do Seu povo e sempre estou em comunidade, em família, com a linguagem da fé, da esperança e a linguagem das obras de caridade?”

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