Por: André | 05 Abril 2016
Na próxima sexta-feira, 8 de abril, será publicada a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia. O cardeal Walter Kasper considera que o próximo documento do Papa Francisco não será revolucionário, porque Bergoglio é um reformador.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 02-04-2016. A tradução é de André Langer.
O presidente emérito do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos interveio no dia 01 de abril, em Roma, no Congresso Apostólico Europeu sobre a misericórdia, que acontece junto à Basílica de Sant’Andrea della Valle, onde, à margem das sessões, precisou que ainda não conhece o conteúdo da exortação apostólica.
“Não a li, não conheço nenhuma frase – declarou o cardeal alemão segundo a agência SIR –, mas tenho confiança em que o Papa encontrará as palavras justas, também para por paz no debate, especialmente para conformar as famílias e para explicar o que é o conceito cristão e católico da família, e assim dar força para viver o mistério do amor na família”.
Kasper retomou a controvérsia de dar a eucaristia aos divorciados recasados, sobre a qual dois anos atrás suas ‘aberturas’ desataram acaloradas discussões.
“Cada um de nós tem necessidade da misericórdia, mas sobretudo estas pessoas que têm uma situação muito difícil”, disse o cardeal, destacando que “a doutrina não muda, mas a disciplina pode ser modificada” e que as pessoas em situação irregular poderiam ser admitidas a papéis de ministerialidade laical (padrinhos, leitores, etc.).
No que se refere à exortação apostólica, o ex-chefe do dicastério considera que o texto do papa estará “na linha do sínodo”, recordando que o documento final foi votado com “uma maioria de três terços”. A linha do Papa – garantiu o cardeal – também sobre a família é a da misericórdia, ou seja, “não o dedo em riste, mas a mão estendida para ajudar as pessoas em dificuldade”.
Estas declarações do cardeal Kasper parecem uma parcial marcha à ré do que ele mesmo havia declarado em 17 de março passado à agência AGI: “O documento assinalará o início da maior revolução na Igreja dos últimos 1.500 anos”.
No sábado passado, Kasper indicou que entre Bento XVI e Francisco existe uma “profunda continuidade” e “não oposição, como dizem alguns”.
O Papa Ratzinger – acrescentou – “deixa uma enorme e profunda herança na Igreja, porque é um teólogo extraordinário, como mostram suas homilias e catequeses”.
Durante o congresso, o presidente emérito do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos também ponderou que a misericórdia não equivale a um “cristianismo barato”, porque Deus não pode ser, “por assim dizer, somente gentil e inócuo”, nem deixar de tomar “a sério o mal e os pecados”. Ele acrescentou que a misericórdia não pode ser apenas “uma linguagem do coração” ou “uma compaixão emocional passiva”, quando na realidade esse é sobretudo “um combate ativo contra o mal”.
“O problema fundamental da pastoral”, concluiu o cardeal Kasper é “como falar de Deus em uma situação secularizada, onde Deus se tornou estrangeiro”, já que “em muitos corações não está mais ou parece que não está mais”, ou por assim dizer, “quando falta a ‘antena’ para captar a nossa mensagem”.
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“A doutrina não muda, mas a disciplina pode ser modificada”, afirma Kasper - Instituto Humanitas Unisinos - IHU