- O presidente francês disse compreender as ideias do Santo Pontífice, mas esclareceu que o país “não pode acomodar toda a miséria do mundo”.
- “Devemos condicionar melhor a nossa ajuda aos países com uma política de imigração responsável”.
- “A Europa é o continente que mais faz, nós franceses fazemos a nossa parte, acolhendo cada vez mais crianças (…) Mas temos de ser rigorosos, temos um modelo social generoso, não podemos acolher toda a miséria do mundo”.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 25-09-2023.
O presidente francês, Emmanuel Macron, propôs condicionar a ajuda ao desenvolvimento aos países da África Subsaariana que são “responsáveis” pela imigração e disse que “os italianos devem ser ajudados” para lidar com crises como a de Lampedusa. “Lampedusa é a realidade do fenômeno migratório ”, disse Macron, em entrevista à TF1 e à France 2.
Numa semana em que acaba de receber o Papa Francisco, que fez um apelo a favor de um acolhimento humanitário aos imigrantes, o presidente francês disse compreender as ideias do Santo Pontífice, mas esclareceu que “não podem acolher toda a miséria dos mundo". O chefe de Estado dissecou a questão da migração nos “países de origem”, como os da África Subsaariana, e nos de trânsito, como a Tunísia. Segundo afirmou, “a maioria dos imigrantes vem da África Subsaariana, com a qual aumentamos a ajuda ao desenvolvimento. Devemos condicionar melhor a nossa ajuda aos países com uma política responsável em matéria de migração, de imigrantes)".
Macron afirmou que a única resposta possível à crise migratória é “europeia”, com um tratamento unificado e coordenado das reivindicações, e criticou a extrema-direita por abordar esta questão de um ponto de vista nacionalista. “A Europa é o continente que mais faz, nós franceses fazemos a nossa parte, acolhendo cada vez mais crianças (…) Mas temos de ser rigorosos, temos um modelo social generoso, não podemos acolher toda a miséria do mundo”, ele acrescentou.
O presidente estimou o número de requerentes de asilo na França em 100 mil por ano e falou de um investimento de 2 mil milhões de euros anuais em “acomodações de emergência”.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, descreveu a proposta de Macron como “interessante”. Meloni considerou “evidente” que a Itália, a França e a União Europeia “devem agir em conjunto para apoiar os países de origem dos migrantes e ajudar os países de trânsito a desmantelar as redes criminosas dos traficantes de seres humanos”. “É a direção que o governo italiano tomou e que quer manter unidas as instituições europeias e os seus próprios aliados europeus”, concluiu a primeira-ministra.
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Macron responde ao Papa: “Não podemos acomodar toda a miséria do mundo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU