28 Setembro 2022
“Esse avanço nacionalista na Itália ocorre logo após as conquistas históricas da extrema-direita na França e na Suécia. São partidos que crescem sobre a questão migratória, nas dificuldades da integração e nas tensões identitárias. Como responder às preocupações culturais e ao sentimento de desvalorização sem abrir mão de nenhum dos valores que sustentam o pacto europeu, a começar pela solidariedade? Essas questões não podem mais ser negligenciadas pelos outros partidos políticos”, escreve Jérôme Chapuis, editor-chefe do jornal La Croix, 27-09-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Giorgia Meloni é neofascista, pós-populista ou ultraconservadora? Um pouco desses todos, é claro.
Ela não é “centro-direita”, ao contrário do que diz sobre si mesma, porque então essas categorias não têm sentido. Mas não é mais hora de discutir a natureza das ideias que a movem. A partir de agora, será necessário julgar suas ações.
A mulher que tem todas as chances de se tornar primeira-ministra italiana após as eleições do último domingo, 25-09, tem trabalhado nas últimas semanas tentando tranquilizar tanto a comunidade empresarial quanto seus vizinhos europeus.
Ela diz que não tem intenção de descartar o euro e insiste que não cometerá “loucuras orçamentárias”. Ela diz que apoia a Ucrânia, manterá distância da Rússia de Putin e adotará uma linha a favor da Otan.
Mas sua vitória eleitoral ainda é um terremoto.
Mais do que o simbolismo – um país fundador da União Europeia que em breve será liderado por uma mulher nostálgica por Mussolini –, são suas simpatias atuais que são preocupantes.
Meloni não esconde sua proximidade com o húngaro Viktor Orbán. E ela criticou Bruxelas quando a Polônia foi acusada de violar o estado de direito.
Para a UE, o desafio é imenso. Esse avanço nacionalista na Itália ocorre logo após as conquistas históricas da extrema-direita na França e na Suécia. São partidos que crescem sobre a questão migratória, nas dificuldades da integração e nas tensões identitárias.
Como responder às preocupações culturais e ao sentimento de desvalorização sem abrir mão de nenhum dos valores que sustentam o pacto europeu, a começar pela solidariedade?
Essas questões não podem mais ser negligenciadas pelos outros partidos políticos, caso contrário corre-se o risco de que as próximas ondas nacionalistas, que serão ainda maiores, varrerão toda a estrutura comunitária.
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Um desafio para a Europa: Giorgia Meloni e seu partido de extrema-direita, Fratelli D’Italia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU