09 Outubro 2019
#SínodoAmazônico: a Igreja confessa os “pecados ecológicos” e pede que os sacerdotes sejam santos. Com a 4ª Congregação, concluiu-se o segundo dia de trabalho do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica, com a presença de 182 Padres na Sala. A sessão da tarde dessa terça-feira, 8, também foi realizada na presença do papa.
A síntese é publicada por Vatican News, 08-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A violação sistemática dos direitos dos povos originários da Amazônia e a vida em risco de toda a região, ferida no seu habitat, estiveram no centro da reflexão da 4ª Congregação do Sínodo dos Bispos.
Foi forte o apelo para que a Igreja, com a sua voz de autoridade em âmbito moral e espiritual, proteja sempre a vida, denunciando as muitas estruturas de morte que a ameaçam. Não ao individualismo ou à indiferença que nos faz olhar para a realidade como espectadores, como em uma tela. Sim a uma conversão ecológica centrada na responsabilidade e em uma ecologia integral que ponha no centro, acima de tudo, a dignidade humana, muitas vezes pisoteada.
A situação inaceitável da degradação ambiental na região pan-amazônica – denunciou-se – deve ser enfrentada de modo sério por toda a comunidade internacional, muitas vezes indiferente diante do derramamento de sangue inocente.
As populações nativas, guardiãs das reservas naturais, evangelizadas com a cruz de Cristo, devem ser consideradas como aliadas na luta contra as mudanças climáticas em uma perspectiva sinodal, ou seja, de caminho “juntos”, em amizade.
Na intervenção de um delegado fraterno, a esse respeito, destacou-se a necessidade de unir as forças e de se pôr em diálogo, porque a amizade – disse ele – “respeita, protege e cuida”. De várias partes, chegou o convite à Igreja para se tornar uma aliada dos movimentos sociais de base, para se pôr à escuta humilde e acolhedora da cosmovisão amazônica, para compreender o significado diferente, em comparação com a tradição ocidental, dada pelas culturas locais aos símbolos rituais.
Sublinhou-se um desenvolvimento sustentável que seja socialmente justo e inclusivo e que combine conhecimentos científicos e tradicionais, porque o futuro da Amazônia, realidade viva e não museológica, está nas nossas mãos. Também se pediu uma conversão ecológica que faça perceber a gravidade do pecado contra o ambiente como um pecado contra Deus, contra o nosso próximo e as gerações futuras. Daí a proposta de aprofundar e divulgar uma literatura teológica que inclua junto com os pecados tradicionalmente conhecidos os “pecados ecológicos”.
Enriquecendo a reflexão sobre os ministérios, surgiu o apelo para unir as forças na formação dos missionários amazônicos, leigos e consagrados. É necessário envolver mais os povos indígenas no apostolado, começando pela promoção do diaconato indígena permanente e pela valorização do ministério laical, entendidos como autêntica manifestação do Espírito Santo. Também foi invocado um maior envolvimento da presença feminina na Igreja.
O tema dos critérios de admissão ao ministério ordenado voltou em mais de uma intervenção. Houve quem exortasse à oração pelas vocações, pedindo a transformação da Amazônia em um grande santuário espiritual a partir do qual se possa elevar a oração ao “Dono da messe”, para que mande novos operários do Evangelho.
A insuficiência numérica dos presbíteros – ressaltou-se – é um problema não apenas amazônico, mas também comum a todo o mundo católico. Daí o apelo a um sério exame de consciência sobre como se vive hoje a vocação sacerdotal. A falta de santidade, de fato, é um obstáculo ao testemunho evangélico: nem sempre os pastores carregam consigo o perfume de Cristo e acabam afastando as ovelhas que são chamados a guiar.
Também se destacou o exemplo luminoso dos mártires da Amazônia, como o de dois servos de Deus mortos no Mato Grosso: o padre salesiano Rudolfo Lünkenbein e o leigo Simão Cristino Koge Kudugodu. De fato, a conversão ecológica é, principalmente, conversão à santidade. Esta tem um enorme poder de atração entre os jovens, para os quais se pede uma pastoral renovada, mais dinâmica e atenta.
Pediu-se que também sejam trazidos à tona, também através das mídias, os muitos testemunhos de bons sacerdotes, e não só os escândalos existentes que, infelizmente, ocupam tantas páginas de jornais. Além disso, se chagas como a violência, a droga, a prostituição, o desemprego e o vazio existencial ameaçam as novas gerações, deve-se enfatizar que não faltam exemplos positivos de tantos jovens católicos.
Olhos apontados também para o tema da imigração que tem múltiplas faces na Amazônia, mas que sempre requer uma ação eclesial coordenada, baseada na acolhida, na proteção, na promoção e na integração.
A 4ª Congregação presidida pelo papa foi aberta com a oração de toda a assembleia pelo cardeal Serafim Fernandes de Araújo, falecido nessa terça-feira em Belo Horizonte.
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#SínodoAmazônico: síntese da 4ª Congregação Geral. A violação sistemática dos direitos dos povos originários da Amazônia e a vida em risco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU