08 Outubro 2019
O Papa ficou irritado com as zombarias manifestadas por muitos padres sinodais diante dos usos e costumes dos povos indígenas da Amazônia, no centro do Sínodo dos Bispos que começou na manhã desta segunda-feira. "Fiquei triste com um comentário jocoso sobre um indígena piedoso que usava penas na cabeça. Que diferença há entre as penas e os tricórnios que alguns funcionários dos nossos dicastérios usam?” disse ele abrindo a assembleia que, durante um mês, discutirá uma série de problemas pastorais, teológicos e sociais que pesam sobre aquela região do mundo. Ontem, na Basílica de São Pedro, houve alguns representantes das tribos indígenas com cocares de penas e miçangas.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Gazzettino, 10-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O sínodo parte no meio de mil choramingas e vamos ver como se desenvolverá nos próximos dias. Os trabalhos serão divididos em grupos linguísticos e, através de etapas intermediárias, confluirão em um documento final a ser entregue em 25 de outubro.
Será um sínodo - o primeiro – plastic free. Sem papel, sem copos de plástico ou talheres de plástico. Pela manhã foi anunciado que foi realizado um cálculo do impacto ambiental causado pelos voos dos mais de 180 padres sinodais. Trata-se do equivale a 573 mil emissões de CO2, que serão compensadas pela compra de títulos florestais para o reflorestamento de 50 hectares de floresta na bacia amazônica.
Quem liderará a assembleia é o cardeal Baldisseri, que já foi substituído pelo bispo de Malta, Grech. O cardeal durante a manhã parecia inseguro, parecia ter esquecido datas importantes (como o prazo do documento final), às vezes quase parecia balbuciar. Provavelmente devido à idade avançada.
O papa está confiante. "Devemos orar muito. Dialogar e ouvir com humildade. Sabemos que nenhum de nós sabe tudo, devemos falar com coragem e parrésia. Mesmo se sentirmos vergonha, temos que falar”. Após quatro discursos, serão respeitados 4 minutos de silêncio. Em seguida, convidou os padres sinodais a se aproximarem "dos povos amazônicos na ponta dos pés, respeitando sua história, sua cultura, seu estilo de bem viver".
"Não viemos aqui para inventar programas de desenvolvimento social ou proteger as culturas como se fossem um museu, ou ações pastorais com um estilo não contemplativo".
"Viemos para contemplar, para compreender, servir os povos. Fazemo-lo seguindo um caminho sinodal, fazemos ‘em sínodo', não com mesas redondas, não com conferências, discussões e debates, mas 'em sínodo': um sínodo não é um parlamento, não é um lugar de debate, não é para demonstrando quem tem mais poder sobre a mídia na rede para impor ideias e planos. Isso pressuporia uma igreja congregacionalista se quisermos procurar quem tem a maioria, uma igreja sensacionalista, tão distante da nossa Santa Mãe Igreja católica ou, como dizia Santo Inácio, a nossa Santa Mãe Igreja hierárquica". O sínodo, disse o papa, "é caminhar juntos, mas com a inspiração e orientação do Espírito Santo, que é o ator principal do sínodo: não o expulsemos da sala, não o façamos sair".
O Instrumentum laboris, que cardeais como Walter Brandmüller ou Raymond Leo Burke já definiram de herético ou apostático", é um texto mártir, destinado a ser destruído porque é o ponto de partida para aquilo que o Espírito nos ajudará a fazer durante o caminho que realizaremos”.
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Papa se irrita com a zombaria contra os indígenas: qual é a diferença entre os tricórnios de funcionários dos dicastérios e as penas? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU