17 Setembro 2019
Debate sobre a moral sexual da Igreja e a ordenação de mulheres sacerdotes.
Depois de uma reunião a portas fechadas de dois dias de duração e celebrada nesse fim de semana, um grupo de 20 bispos alemães junto a outros tantos representantes leigos, assinaram ontem uma carta do papa Francisco, que contesta a enviada no último 29 de junho pelo Pontífice e insistem que seguirão adiante com o empreendido “caminho sinodal”.
A reportagem é de Rosalía Sánchez, publicada por ABC, 15-09-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Nele serão debatidos o celibato sacerdotal, a ordenação de mulheres sacerdotes e a revisão da moral sexual da Igreja. Ali onde o Papa lhes pedia que não perdessem de vista a unidade da Igreja, respondem que não perderão de vista “nem a unidade da Igreja, nem a realidade sobre o terreno”.
“A Igreja não está aí somente para si mesma”, foram as palavras do presidente da Conferência Episcopal alemã, Reinhard Marx, decidido a levar adiante o caminho sinodal como um “processo espiritual”.
Em uma carta fechada em 4 de setembro, o cardeal Marc Ouellet, chefe da Congregação dos Bispos do Vaticano, advertiu os bispos alemães que não tenham nenhum poder de decisão sobre assuntos que somente se abordariam a nível de igreja universal, anotando que os processos de votação que estão pensando adotar no processo sinodal não estão em sintonia com o direito canônico.
Esses processos de votação, no entanto, serão mantidos de acordo com o decidido na reunião desse final de semana, que deverá ainda ser ratificado pela plenária de outono da Conferência Episcopal Alemã. “Se trata de recuperar a confiança para falar com credibilidade da nossa fé”, justificou o presidente do Comitê Central Católico da Alemanha (ZdK, sigla em alemão), Thomas Sternberg, associação leiga que tem parte ativa no processo.
Também nesse final de semana foram aprovados preliminarmente os relatórios dos quatros fóruns preparatórios: poder, vida sacerdotal, moral sexual e papel das mulheres. Exceto o tema das mulheres, o resto já foi objeto de um dia de estudo e reflexão por parte dos prelados alemães, em março, e já está evidente que a maioria dos bispos na Alemanha consideram insustentável o status quo nesses campos. Ao final de agosto, foi votado o estatuto que guiará o processo sinodal em uma votação secreta cujo resultado foi de 21 votos a favor, três contra e três abstenções.
Apesar de que alguns dos bispos alemães não são partidários de uma reforma do que avançam os relatórios em debate, certo é que a abertura do caminho sinodal foi votada por unanimidade da Conferência Episcopal, ao final de um processo de reflexão que começou depois do estouro dos escândalos de abusos sexuais a menores no seio da Igreja, que deu lugar a uma auditoria interna que propunha essas mudanças.
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Os bispos alemães enfrentam o Vaticano e seguem com seu sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU