13 Julho 2015
Fonte: http://bit.ly/1dWXuFi
O seguinte comentário do Evangelho segundo Marcos 6,30-34 é elaborado por Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado e corresponde ao 16° Domingo Comum, do ciclo B do Ano Litúrgico.
Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: «Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.»
Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles.
Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles.
No domingo passado foi lido o texto que narra o fato dos discípulos serem enviados de dois em dois para pregar a conversão, sanar os doentes.
Nessa narrativa Jesus oferece também algumas recomendações sobre o espírito que devia acompanhar os/as missionários/as: levar somente aquilo que é necessário, não fazer distinções com aquelas pessoas que os recebam ensinando-lhes assim a confiança em Deus e no seu Espírito que é quem anima a missão.
Hoje nos é oferecido o retorno dos/as discípulos/as e seu desejo de partilhar com Jesus tudo o que tinham feito e realizado. Mas nesse momento também aparecem muitas pessoas que entravam e saíam e eles não tinham tempo nem para comer.
Como se sentiriam os discípulos diante dessa realidade onde podemos imaginar o desejo de cada um de partilhar sua experiência, possivelmente tentando pegar a atenção de Jesus para narrar “tudo”?
Eles estão entusiasmados, contentes, e possivelmente sem muita escuta dos colegas, tentando relatar suas experiências pessoais, perguntas, impressões que tiveram dessa primeira experiência.
O desejo de Jesus de levar os discípulos a um lugar solitário para descansarem um pouco é também para que eles entendam o sentido da sua missão e não sejam tentados por falsas imagens do êxito.
O significado que Marcos da ao deserto é um espaço de luta contra o mal, contra os falsos messianismos. Assim fez Jesus depois do seu batismo que è levado ao deserto para esclarecer os fundamentos de sua missão.
É Jesus mesmo que faz esta proposta que terá uma mudança porque “Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles.”
Chama a atenção o grande interesse das pessoas por Jesus, pela sua procura.
Podemos perguntar-nos se cada um/as sente esse mesmo interesse por Jesus? Saímos na sua procura ou preferimos ficar tranqüilos na nossa casa?
Podemos imaginar essa grande multidão que chegava e saia e como conseqüência “não tinham tempo nem para comer”.
O olhar de Jesus sobre as pessoas é um olhar compassivo que aparece fortemente com o sofrimento dessa grande multidão e sua desorientação “que estão como ovelhas sem pastor”.
Este texto convida-nos a perguntar-nos se nós sentimos compaixão pelas pessoas quando achamos que estão incomodando nosso merecido repouso.
Como é nosso agir? Jesus os vê abandonados, como ovelha sem pastor e isso o leva a compaixão.
Ele não volta seu olhar seu olhar para outro lado, ao contrário, ele deixa que essa situação mude o desejo que ele mesmo tinha proposto aos discípulos e ter seu merecido descanso.
Possivelmente Jesus esta se lembrando das palavras do profeta Jeremias –que escutamos na primeira leitura-. O profeta faz uma denuncia da falta de cuidado e a falta do interesse no cuidado de suas ovelhas, critica esses pastores que “espalham e extraviam as ovelhas do meu rebanho”. E continua dizendo “Por isso assim diz Javé, o Deus de Israel, contra os pastores encarregados de cuidar do meu povo: Vocês espalharam e expulsaram minhas ovelhas e não se preocuparam com elas”. E continua: “Agora sou eu que vou pedir contas a vocês pelo mal que praticaram - oráculo de Javé.” Eu mesmo vou reunir o que sobrou das minhas ovelhas de todas as regiões para onde eu as tinha expulsado. Vou trazê-las de volta para as suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. “Vou dar-lhes pastores que cuidem delas, e elas não terão mais medo ou susto, nem se perderão - oráculo de Javé.” (Jr 23,1-5)
Jesus promete para o povo pastores que se preocupem deles e que sentam uma grande compaixão que os leve a preocupar-se de cada um/a e cuidá-los/as para que não fiquem desorientados e perdidos porque não sabem para onde ir.
Na sua última viagem Paraguai Francisco exortou os consagrados: “Levantar as pessoas do lixo cabe a nós, padres e pastores". Ele dirá também: "Nós somos as mãos de Deus, que do lixo levanta o pobre", "Todos temos limites, e ninguém pode reproduzir Jesus Cristo em sua totalidade", lembrou-lhes, ressaltando que "aqueles que são chamados por Deus não se pavoneiam, não vão atrás de reconhecimentos nem de aplausos que passam, não sente que subiu de categoria, nem trata os outros como se estivesse em um pedestal mais alto".
A primeira mensagem que o Papa Francisco quis deixar é a compaixão “Jesus não reage com irritação, mas sente compaixão, porque sabe que não o procuram por curiosidade, mas por necessidade”. E acrescentou: “Estejamos atentos: compaixão não é sentir piedade, é mais. Assim é Jesus: sofre conosco e sofre por nós”.
O Evangelho convida-nos a ter uma mirada sensível e aberto a realidades que escutamos continuamente, sem discriminações. Um olhar que não fique cego ao que passa a nosso redor.
Fonte: http://www.envolverde.com.br/
Nesta semana foi publicado no Relatório do Programa de Monitoramento Conjunto que “uma em cada três pessoas – ou 2,4 bilhões de cidadãos no planeta – carecem de saneamento básico, incluindo 946 milhões de pessoas que defecam ao ar livre”.
Como cristãos não podemos ficar indiferentes diante disso porque “uma fé que não se faz solidariedade é uma fé morta”
Sabemos que "Um Deus sem povo, um povo sem irmãos, um povo sem Jesus: essa é a fé sem solidariedade", disse, recordando que "Deus se fez solidário com o seu povo, e Jesus não teve nenhum de se abaixar, de se humilhar." "A fé sem solidariedade é morta".
Palavras de acolhida do jesuíta Ireneo Valdéz, pároco da Sagrada Família do Bañado Norte
“Aqui está o teu povo, o teu povo te acolhe do fundo do coração.
Te sentimos, pai, irmão e companheiro, um de nós.
Irmão da mulher papeleira, do pescador, do carpinteiro,
do camponês, do indígena, do limpador de parabrisas.
Te sentimos irmão daquele que não consegue viver humanamente,
do morador deste bairro.
Esta é a tua casa, tu estás conosco.
Bem-vindo à tua casa.”
Façamos deste poema uma oração ao Espírito Santo para que forme em nós um coração compassivo com entranhas de misericórdia, para viver e levar adiante a missão de Jesus.
Tu que sopras onde queres,
Vento de Deus dando vida,
sopra-me, sopro fecundo!
Sopra-me vida em teu sopro!
Faze-me todo janelas,
olhos abertos e abraço.
Leva-me em boa Notícia
sobre os telhados do medo.
Passa-me em torno das flores,
beijo de graça e ternura.
Joga-me contra a injustiça
em furação de verdade.
Deita-me em cima dos mortos,
boca-profeta a chamá-los.
Dom Pedro Casaldáliga
CASALDÁLIGA, Pedro. Orações da caminhada. Campinas: Verus, 2005.
Instituto Humanitas Unisinos - IHU: www.ihu.unisinos.br
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
SOBRINO, Jon. Espiritualidade da libertação. São Paulo: Loyola, 1992.
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Evangelho segundo Marcos 6,30-34 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU