07 Setembro 2016
Expansão de pastos foi o principal fator para desmatamento na América Latina, de acordo com estudo
A reportagem foi publicada por Observatório ABC, 05-09-2016.
No último mês, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançou o relatório Estado das Florestas do Mundo 2016, que traz números sobre o desmatamento no Brasil e América Latina, entre outros países.
Segundo o estudo, entre 1990 e 2005, 71% do desmatamento na Argentina, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Peru, Venezuela e Brasil foi devido a demanda de pastos; 14% os cultivos comerciais, e menos de 2% infraestrutura e expansão urbana. A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis países analisados. Na Argentina, a expansão dos pastos foi responsável por 45% do desmatamento e a expansão de terras de cultivo comerciais respondeu por mais de 43%. No Brasil, mais de 80% do desmatamento estava ligado à conversão de terras em terrenos de pasto.
No período de 2000 a 2010 foi registrado um desmatamento de 7 milhões de hectares de florestas anuais no países tropicais e aumento das terras agrícolas de 6 milhões de hectares ao ano. A maior perda líquida de florestas e o maior aumento líquido de terras agrícolas durante esse período ocorreu no grupo de países de baixa renda, onde as populações rurais estão aumentando. “A agricultura comercial em larga escala faz com que cerca de 40% seja responsável pelo desmatamento em regiões tropicais e subtropicais; agricultura de subsistência local, 33%; infraestrutura, 10%; expansão urbana, 10%; e mineração, 7%”, afirma a FAO.
Apesar do desmatamento seguir em níveis altos na América Latina, em 2015 a taxa reduziu em quase 50% em relação a 1990. “Essa redução também foi significativa na Amazônia devido às políticas de desenvolvimento sustentável impulsionadas pelos países que partilham a bacia amazônica”, conta a agência da ONU. As políticas como a vinculação de incentivos agrícolas associados a critérios ambientais, a adoção de práticas silvipastoris, o pagamento por serviços ambientais e a recuperação de pastagens degradas podem evitar a ampliação da fronteira agrícola em detrimento das florestas. “Não podemos deixar de mencionar que a segurança alimentar pode ser alcançada mediante a intensificação agrícola e medidas como a proteção social, em vez da expansão de áreas agrícolas em detrimento das florestas”, completa.
Quanto aos esforços brasileiros para diminuir o desmatamento e os impactos desses números no meio ambiente, o estudo indica que os incentivos e mecanismos de fomento público que alia o recebimento de créditos ao cumprimento de normas ambientais contribuem para o combate ao desmatamento. Segundo o relatório, o Brasil aparece como um importante exemplo na implementação de políticas nesse sentido.
O relatório destaca que vincular o acesso ao crédito rural com critérios ambientais, evitou a perda de 270 mil hectares de florestas que seriam desmatadas no Brasil para aumentar a produção de carne bovina. “O Plano e o Programa ABC tem um papel importantíssimo no combate ao desmatamento no Brasil. Garantir a adoção de tecnologias que permitam a produção sustentável é um dos principais passos para que a agricultura possa produzir cada vez mais usando menos dos recursos naturais”, afirma a FAO. Para a agência, é uma meta que todos os países do mundo devem estabelecer e esse tipo de iniciativa serve de exemplo de que é possível que tenhamos um mundo cada vez mais sustentável.
Além disso, a FAO aponta que a iniciativa “Bolsa Verde” do Brasil é outro exemplo: um programa de transferência condicionada de renda que disponibiliza recursos a milhares de famílias pobres em troca de que mantenham a cobertura vegetal e façam a gestão de forma sustentável dos recursos naturais.
Confira o estudo aqui.
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Pecuária é responsável por mais de 80% do desmatamento no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU