12 Fevereiro 2020
O documento final continua sendo um texto válido para se estudar, aprofundar e até aplicar. Ele não está superado. No entanto, resta entender como e de que forma o documento final se integra com a exortação.
A nota é publicada por Il Sismografo, 12-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Historicamente, o documento final de cada sínodo, que depois os Padres sinodais entregam ao Santo Padre como ajuda e apoio para as suas reflexões e eventualmente – como ocorreu quase sempre – como material de base para uma exortação pós-sinodal, é considerado superado após o pronunciamento do pontífice, depois da clássica exortação posterior ao sínodo.
Assim como o Papa Francisco chamou de “texto-mártir” o Instrumentum laboris da assembleia sinodal (“destinado a ser destruído, porque é o ponto de partida para aquilo que o Espírito fará em nós”, 07-10-2019, abertura do Sínodo Pan-Amazônico), pode-se dizer que o documento final, com relação à exortação, sempre foi um “texto-mártir”.
Em síntese, em cada sínodo, o Instrumentum laboris, depois das sessões sinodais, dos debates, das conclusões e das votações, eram englobado no documento final entregue ao papa. Depois, esse documento final era englobado na exortação apostólica pós-sinodal do pontífice.
O Papa Francisco muda esse mecanismo e essa sequência e, neste caso, deixa aberto o caminho sinodal sobre a Amazônia sem decretar a extinção do documento final.
Eis as primeiras quatro reflexões – a serem lidas com grande atenção – do Papa Francisco que abrem a exortação:
1. A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério. Deus concedeu-nos a graça de a termos presente de modo especial no Sínodo que se realizou em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019, concluindo com o Documento Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral.
2. Ouvi as intervenções ao longo do Sínodo e li, com interesse, as contribuições dos Círculos Menores. Com esta Exortação, quero expressar as ressonâncias que provocou em mim este percurso de diálogo e discernimento. Aqui, não vou desenvolver todas as questões amplamente tratadas no Documento conclusivo; não pretendo substitui-lo nem repeti-lo. Desejo apenas oferecer um breve quadro de reflexão que encarne na realidade amazônica uma síntese de algumas grandes preocupações já manifestadas por mim em documentos anteriores, que ajude e oriente para uma recepção harmoniosa, criativa e frutuosa de todo o caminho sinodal.
3. Ao mesmo tempo, quero apresentar de maneira oficial o citado Documento, que nos oferece as conclusões do Sínodo e no qual colaboraram muitas pessoas que conhecem melhor do que eu e do que a Cúria Romana a problemática da Amazônia, porque vivem lá, por ela sofrem e a amam apaixonadamente. Nesta Exortação, preferi não citar o Documento, convidando a lê-lo integralmente.
4. Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho, que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis-leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação e que, de alguma forma, possa inspirar todas as pessoas de boa vontade.
Em suma: o documento final – de acordo com as palavras do Santo Padre – continua sendo um texto válido para se estudar, aprofundar e até aplicar. A exortação deveria servir precisamente para o estudo e a aplicação do documento final, que não está superado.
No entanto, resta entender como e de que forma essa modalidade será realizada, na qual se integram o documento final e a exortação.
Assista ao vídeo, em italiano, da apresentação da Exortação Querida Amazônia, com a apresentação de um vídeo ilustrativo "Querida Amazônia"
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Uma inédita novidade na exortação “Querida Amazônia”: papa declara que documento final do Sínodo não está superado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU