22 Outubro 2019
O editorial é de Andrea Tornielli, publicado por Vatican News, 22-10-2019 comenta o roubo das imagens amazônicas que foram jogadas no Tibre, em Roma. A tradução é de IHU On-Line.
O furto e o jogar no Tibre as três estátuas de lenho da tradição amazônica representando uma jovem mulher grávida, constituem um episódio triste, que por si só já se comenta. Chamam a atenção algumas reações a um gesto violento e intolerante: “justiça foi feita” é o título entusiasmado de um site italiano, depois que as imagens da ‘bravata’ foram divulgadas no circuito das mídias sociais. Em nome da tradição e da doutrina se jogou fora, com desprezo, uma efígie da maternidade e da sacralidade da vida. Um símbolo tradicional para os povos indígenas que representa a ligação com a nossa ‘mãe terra, definida assim por São Francisco de Assis no seu Cântico das Criaturas.
Aos novos iconoclastas, que passaram do ódio aos meios sociais da ação, poderia ser útil reler o que afirmou um dos novos santos canonizados recentemente: o cardeal John Henry Newman. No seu livro Essay on the Development of Christian Doctrine, publicado em 1878, a propósito da adoção por parte da Igreja de elementos pagãos, Newman escreveu: “O uso dos templos e dedicados aos santos e decorados com ramos de árvore, incenso, lâmpadas e velas; as ofertas ex voto no caso de cura de doenças; a água benta; as festividades e as estações litúrgicas, o uso dos calendários, as procissões, as bênçãos aos campos, os paramentos sacerdotais, a tonsura, o anel usado no matrimônio, o voltar-se a leste e, sucessivamente também as imagens, inclusive o canto eclesiástico e o Kyrie Eleison: todos são de origem pagã e foram santificados pela sua adoção na Igreja”.
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Newman e as estátuas jogadas no Tibre. O triste episódio do furto e da destruição das imagens amazônicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU