05 Outubro 2019
Manifestantes se reuniram hoje em frente à Embaixada do Brasil em Londres exigindo que o ministro Ricardo Salles pare de atacar os povos indígenas e de destruir os territórios mais biodiversos do Brasil.
A reportagem é publicada por Survival Brasil, 03-10-2019.
(Foto: Eleanor K. Russell/Survival International)
Os ativistas se solidarizaram com os povos indígenas, que estão na linha de frente da luta para defender suas terras e combater as mudanças climáticas.
Eles carregavam cartazes pedindo a Salles que “Pare o Genocídio Indígena” e que proteja o meio ambiente. Também mostraram mensagens de resistência dos povos indígenas.
O presidente Bolsonaro “declarou guerra“ contra os povos indígenas do Brasil. Seu governo quer acabar com a autonomia deles, “integrá-los” à força e roubar as terras indígenas para a extração de madeira, a mineração e o agronegócio. Esta é a pior situação que os povos indígenas do Brasil enfrentam desde a ditadura militar.
O ministro Salles é central neste ataque. Ele é a favor do uso de territórios indígenas para o agronegócio em grande escala. Também negou que os povos indígenas estejam sendo atacados, quando na verdade, desde o dia 1° de janeiro de 2019, a frequência e o número de invasões a terras indígenas e de ataques contra as comunidades aumentou drasticamente. Enquanto ele viaja pela Europa, vastas áreas da floresta amazônica continuam a ser destruídas pelo fogo.
(Foto: Eleanor K. Russell/Survival International)
O Brasil abriga cerca de 305 povos indígenas, incluindo cerca de 100 povos indígenas isolados que dependem de suas terras para sobreviver. Todos estão em perigo. No início deste ano, os povos indígenas do Brasil lideraram o maior protesto de todos os tempos pelos direitos indígenas que contou com a participação de ativistas de todo o mundo.
A APIB, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, disse: “Temos o direito de existir! Não vamos recuar. Não vamos hesitar em denunciar esse governo e o agronegócio nos quatro cantos do mundo.”
Cate Davies, da Rede Estudantil pelo Clima do Reino Unido, afirmou: “Estamos aqui hoje, solidários com os jovens brasileiros na luta contra as mudanças climáticas, que têm feito o possível para combater a corrupção e para exigir a proteção do meio ambiente e dos direitos humanos no Brasil. Ricardo Salles e o governo Bolsonaro devem ser responsabilizados pelas ameaças que representam às comunidades indígenas e por sua falta de ação para combater os incêndios na Amazônia.”
(Foto: Eleanor K. Russell/Survival International)
Sarah Shenker, da Survival International, disse: “Presidente Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles estão promovendo um ataque total à Amazônia e a seus guardiões indígenas. Se não forem desafiados, os povos indígenas da Amazônia enfrentarão a destruição completa, o que significaria o fim da floresta e um verdadeiro desastre climático. Estamos lutando juntos dos povos indígenas que estão colocando suas vidas em risco para se opor a eles e a suas políticas racistas e genocidas. Eles não vão parar de lutar pela defesa de suas vidas e terras.“
Richard George, do Greenpeace, afirmou por sua vez que: “Colocar Salles no comando das políticas ambientais brasileiras é como dar a um piromaníaco uma caixa de fósforos. É totalmente vergonhoso que o governo tenha estendido o tapete vermelho para um homem que está literalmente deixando o ecossistema de maior biodiversidade queimar até o chão.”
A visita do ministro Salles a Londres faz parte de uma viagem pela Europa. Ele tem sido recebido com protesto por todas as cidades que passou. Uma cópia de sua agenda que vazou à imprensa mostrou que ele tem reuniões programadas com empresas das áreas de mineração e combustíveis fósseis.
(Foto: Eleanor K. Russell/Survival International)
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“Pare o Genocídio Indígena”: protesto contra ministro Salles em Londres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU