17 Setembro 2019
O novo cardeal do Congo usará o seu título para destacar os problemas da África, trazendo ao mesmo tempo uma paixão de longa data pelos direitos humanos ao cenário internacional, segundo algumas pessoas próximas a ele.
A reportagem é de Jonathan Luxmoore, publicada por Catholic News Service, 15-09-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O Mons. Donatien Nshole Babula, secretário geral da Conferência dos Bispos do Congo, descreveu o cardeal-designado Fridolin Ambongo Besungu, de Kinshasa, como um “pastor zeloso e direto, um homem franco, apegado à verdade e que sabe o que é preciso fazer para o bem daqueles a ele confiados”.
No dia 1.º de setembro deste ano, o Papa Francisco anunciou que Ambongo, de 59 anos, será um dos treze novos cardeais instalados em um consistório a acontecer no dia 5 de outubro próximo, no Vaticano.
Nshole contou ao Catholic News Service que o cardeal-designado aprendeu muito sobre as condições de todo o continente africano enquanto foi presidente da Comissão de Justiça e Paz da Igreja congolesa entre 2008 e 2016.
O monsenhor disse também que esta nomeação é um tributo à “força de personalidade” de Ambongo e à sua capacidade intelectual de ver as perspectivas mais amplas, para além do aqui e agora”. É também um sinal da preocupação do papa “pelos pobres e desfavorecidos”.
“Ambongo já prestou um trabalho muito importante para a paz e os direitos humanos, ao insistir que tudo deve estar baseado na justiça. É isso o que ele vai mais procurar destacar agora no cenário internacional”, diz Nshole.
Nascido de uma família de seringueiros em Boto, em 24-01-1960, Ambongo fez os votos perpétuos aos franciscanos capuchinhos em 1987 e ordenou-se em 1988 depois de estudar teologia moral na Academia Alfonsiana, em Roma. Lecionou na Universidade Católica de Kinshasa e se tornou o superior da província congolesa dos capuchinhos.
Em 2004, Ambongo foi nomeado bispo da Diocese de Bokungu-Ikela e administrador apostólico de Kole, tornando-se arcebispo de Mbandaka-Bikoro em novembro de 2016 e arcebispo de Kinshasa em dezembro de 2018 após nove meses trabalhando de coadjutor do Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya.
O Mons. Andre Masinganda, vice-secretário geral da Conferência dos Bispos, contou ao Catholic News Service que a reputação de Ambongo como alguém de fala franca e firme não o impede de mostrar uma “abertura pastoral a todos” e que tem uma “grande capacidade pela síntese em toda e qualquer situação”.
“Ambongo com certeza está pronto para receber e considerar as opiniões dos demais, e é capaz de acalmar e unificar”, disse o padre.
“O seu lema, Omnia Omnibus (Todas as coisas para todas as pessoas), implica que suas portas estão abertas a todos, seja no poder, seja na oposição. Eu acho que ele irá estender isso ao mundo da política e da diplomacia”, acrescentou.
O Pe. Clement Makiobo, que estudou com o cardeal-designado, disse ao jornal católico francês La Croix que o seu colega se tornou um “apaixonado pela justiça e por questões do mundo do direito” desde que se opôs ao ditador Mobutu Sese Seko, quem governou o então Zaire de 1965 a 1997. Makiobo falou que o novo cardeal também é uma pessoa focada na defesa da democracia e da legalidade, em lugar de “se opor diretamente ao poder vigor”.
“No entanto, quando os direitos elementares do povo congolês precisam de proteção, e quando é necessário denunciar uma tendência autoritária promovida pelos que estão no poder, o novo cardeal se vai se mostrar intransigente”, previu Makiobo.
“Esta sua nomeação completa uma vida de compromisso com a dignidade humana, em um país onde a Igreja continua sendo a única instituição capaz de desafiar o poder”.
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Novo cardeal do Congo tem paixão de longa data pelos direitos humanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU