25 Abril 2024
"[Bolsonaro] perdeu. Jesus se sentiu aliviado por não ter mais que 'emprestar' seu nome, tomado em vão, para os senhores da enganação", escreve Edelberto Behs, jornalista, em artigo enviado ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Em mais uma manifestação conclamada pelo inelegível, a ex-primeira-dama aparece no caminhão do som, no domingo, 21, em Copacabana, no Rio, vestindo a “tradicional” camiseta verde/amarela com os dizeres: “O Brasil é do Senhor Jesus”.
Ou seja, o Brasil voltará a ser do senhor jesus (vamos colocar em minúsculas porque o Jesus do Novo Testamento não se presta a tal manipulação) quando a turma dela, com Malafaia na garupa, retomar as rédeas da nação. Em quatro anos, o país viu o que significa o senhor “mandando” no Brasil. Com toda a certeza, Cristo se envergonhou e se envergonha desse apoderamento de sua mensagem para fins eleitoreiros.
Nos quatro anos em que o Brasil “esteve” com o senhor jesus, um ministro, Milton Ribeiro, também pastor, negociava com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moreira a liberação de verbas federais para prefeituras, sob o pagamento de propina. Lembram? Que vergonha para a grei evangélica! Jesus se entristeceu.
Teve outro ministro, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que em pleno período da pandemia sugeriu ao governo fazer uma “baciada” de mudanças nas regras ligadas às áreas da proteção ambiental e da agricultura, enquanto a nação e a imprensa se “distraíam” com os casos de covid-19. Era para “passar a boiada” sem chamar a atenção. Lembram? Jesus se entristeceu.
Tem uma senadora, ex-ministra, eleita pelo Partido Republicano no Distrito Federal, também pastora, que “ouviu” dizer que na Ilha do Marajó crianças de três, quatro anos, têm os dentes arrancados para fazer sexo oral. Jesus adora fofoca?
O messias tripudiou de pessoas acamadas pela covid, imitando-as com falta de ar, dizendo que não era coveiro, menosprezando a vacinação, propondo medicamento não apropriado, sugerindo que a população deixasse de ser maricas. Lembram? Jesus, que curou tantos enfermos na sua vida terrena, ficou perplexo.
Mais perplexo ainda ficou quando o messias afrouxou as regras para a aquisição de armas e munição. Era importante “armar a população”. Jesus, que pregou o amor, não entendeu nada, mais confuso ainda ficou quando leu na camiseta da primeira-dama que o Brasil pertencia ao senhor jesus. Com as armas?
O senhor jesus passou o maior vexame quando o messias que entendia representá-lo na cadeira presidencial tentou trazer joias do Oriente Médio por baixo dos panos, buscando ludibriar policiais da aduana do seu próprio governo. Ou seja, presidente fazendo contrabando. Lembram?
Ah, tem ainda aquele episódio com jovens venezuelanas da comunidade de São Sebastião, em Brasília, quando “pintou um clima” e o messias pediu para entrar na casa delas. Lembram?
O governo do senhor jesus aprontou essas e outras mais. Por fim, nos estertores do seu mandato, na busca de impedir a posse de um capeta, o messias tentou aplicar um golpe, que deixou manifestantes na fogueira, alguns estão presos, enquanto ele se recolhia aos Estados Unidos e olhava de longe os acontecimentos na linha de baixo do Equador. Com muita coragem, claro!
Esse foi um trailer de quatro anos do governo do senhor jesus. Repleto de mentiras, divulgação de fake news, agressões a jornalistas, a opositores, porque o messias batia e arrebentava (os mais fracos) e garantia que não teria eleições se o voto não fosse impresso.
Perdeu. Jesus se sentiu aliviado por não ter mais que “emprestar” seu nome, tomado em vão, para os senhores da enganação.
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O Brasil é do senhor Jesus. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU