06 Fevereiro 2020
O combate ao tráfico de pessoas aos poucos vai sendo assumido na Igreja do Brasil. Nesse trabalho tem uma importância fundamental a vida religiosa, que doze anos atrás criava a Rede um Grito pela Vida, hoje ligada a outras redes internacionais, principalmente a Rede Talitha Kum.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
No dia 8 de fevereiro será celebrada a VI Jornada Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas. Trata-se de uma iniciativa proposta aos fiéis pelo Papa Francisco, no dia em que a Igreja recorda a memória da Santa Josefina Bakhita, que também ela sofreu em primeira pessoa os dramas do tráfico e da escravidão. Ela foi traficada para fins de trabalho doméstico, sendo canonizada no ano 2.000. Segundo a irmã Valmi Bohn, da Congregação da Divina Providência, Coordenadora Nacional da Rede um Grito pela Vida, “Bakhita quando criança foi vítima da violência, do abuso, da escravidão, do tráfico, sofrendo na pele o poder da ganância e da exploração”.
Na mensagem lançada pela rede, a Coordenadora e a Secretária Nacional, irmã Maria Bernardete Macarini, da Congregação do Imaculado Coração de Maria, denunciam que “o crime do tráfico, do abuso, da exploração sexual, está presente em nosso país e no mundo”. Essa situação é consequência, segundo a irmã Maria Bernardete do “egoísmo, a ganância e o descarte da pessoa, [que] fazem com que o ser humano se torne simples objeto”.
Religiosas em mensagem pela VI Jornada Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas
(Foto: Frame vídeo | YouTube)
As palavras das religiosas reafirmam a postura do Papa Francisco, que sempre tem condenado com firmeza esse crime, que segundo a irmã da Divina Providência, “afeta a todas e todos, sem distinção de raça, de religião ou de etnia, contra os mais pobres e vulneráveis de nossa sociedade”. As vitimas favoritas dessa injustiça são, na sua opinião, “as mulheres, as crianças, os jovens”. Esse crime atinge geralmente os mais pobres, o que faz que muitas vítimas sejam atraídas por propostas de emprego ou a possibilidade de ganhar muito dinheiro em pouco tempo.
Não podemos esquecer, afirma a irmã Bernardete que “a pessoa humana é chamada para o amor, e responder a esse amor é necessário e urgente”. Nessa perspectiva, a religiosa do Imaculado Coração de Maria, destaca que “unindo nossas vozes às histórias e pessoas próximas de nós, a Rede um Grito pela Vida no Brasil se compromete com essa causa”. Desde aí, ela lança um convite “a não permanecermos indiferentes ao crime que afeta milhões de pessoas e famílias”.
No Brasil, o trabalho da Rede um Grito pela Vida se desenvolve em diferentes modos, procurando a conscientização, prevenção e a mobilização da sociedade, nem sempre atenta a essa realidade. Diante da atual situação política e social que o Brasil vive, com contínuos recortes no orçamento público em relação à proteção das possíveis vítimas, o trabalho da Rede um Grito pela Vida se torna cada vez mais importante, sendo um instrumento decisivo na prevenção e conscientização da sociedade. Só na medida em que a sociedade tome consciência desse crime se faz possível erradicar o tráfico humano.
As religiosas fazem um chamado a “neste dia 8 de fevereiro, juntemos as nossas vozes, o nosso coração, em comunhão com a Rede Internacional Talitha Kum para rezar e comungar com todas e todos que lutam por essa causa”, insistindo na importância desse “dia de oração, na prevenção, no cuidado da vida ou pela denúncia”, pedindo “que Santa Bakhita interceda por nós e pelas muitas Josefinas Bakhitas de nosso tempo”.
Ao longo dos próximos dias está previsto em muitos lugares do Brasil a celebração de eucaristias e momentos de oração em sintonia com a Jornada Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, numa tentativa de ajudar a Igreja e a sociedade brasileira a crescer na toma de consciência e no combate desse crime que atinge a muitas pessoas.
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“O egoísmo, a ganância e o descarte da pessoa, fazem com que o ser humano se torne simples objeto”. Mensagem na VI Jornada Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU